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PEDIDO DE SOCORRO

Moradores de Monte Alegre 2 reclamam de descaso das autoridades

Obra parada de rede de esgoto é uma das marcas do abandono no bairro

21 fevereiro 2020 - 13h35Por Tomás Baggio

Um lugar onde parece que o poder público ainda não chegou. Ou, quando chegou, foi para piorar. A estrutura do bairro Monte Alegre 2, no grande Jardim Esperança, em Cabo Frio, é precária. Esgoto a céu aberto, obra inacabada, escuridão, falhas no transporte e confusão nos endereços fazem parte da rotina dos moradores, que relatam desânimo e revolta com o descaso.

A situação nunca foi das melhores, mas conseguiu piorar ainda mais há cerca de cinco anos, quando uma obra que era feita pelo Governo do Estado em convênio com a Prefeitura, para implantação da rede de esgoto e calçamento das ruas, foi abandonada. O resultado é visível, mas também pode ser sentido pelo cheiro. Esgoto a céu aberto e entulho espalhado pelas ruas fazem parte do cenário nada agradável.

– Eu trabalhei nessa obra aqui. Fizeram drenagem, botaram as manilhas e depois largaram tudo sem terminar. Acabou formando esse valão que corre para o campo. Quando chove, vira uma lagoa e desce tudo para a praça do Jardim. Aquela água que acumula na praça quando chove é o esgoto que desce daqui – explica Ezequiel Amaral, que vende salgados durante o dia e trabalha em um condomínio fora do bairro à noite.

Ele segue listando os problemas:

– O bairro é todo escuro. Não tem iluminação nenhuma nessa parte aqui, fica muito perigoso andar à noite, tem assalto. Temos que dar uma volta enorme para pegar um trecho mais iluminado. Eu acho isso um absurdo porque nossos governantes vieram aqui na época da campanha e viram essa situação, prometeram resolver, e nada. A coleta de lixo, pelo menos, agora tem – afirma ele, que mora na Avenida Cruz de Malta (assim diz o mapa), também conhecida como Avenida Guerreiro ou Avenida 2.

A confusão nos endereços é outro problema, já que não há entrega de correspondência nas casas que ficam nesta parte do bairro.

A moradora Rosana de Almeida, que falou com a reportagem no momento em que levava a filha de seis anos da escola para casa, fica indignada com a situação.

– Estamos cansados disso. A gente fala, denuncia, e ninguém toma providência. É um descaso, né? Quando eles vêm pedir voto, a gente confia e ajuda. Mas na hora que a gente pede ajuda não vem ninguém. Aí ficamos nessa situação, correndo risco de assalto por causa da escuridão e desviando de esgoto com a criança na rua – afirma.

Sobre a obra a abandonada e o esgoto no bairro, a Prefeitura de Cabo Frio não dá previsão.
“As obras previstas no convênio entre o Governo do Estado e a Prefeitura foram interrompidas na gestão passada e aguardam parecer de processos judiciais que tramitam no Tribunal de Contas do Estado (TCE) desde a época”, diz a nota enviada à reportagem.

A escuridão também não tem data para terminar.

“A Comsercaf informa que o contrato em vigor de manutenção de iluminação pública, licitado no governo anterior, não prevê novas instalações. Ciente disso, no início do ano passado, foi iniciado um processo licitatório visando a contratação de uma empresa especializada na manutenção, instalação e eficientização do parque luminoso da cidade. Porém, o processo está em análise no Tribunal de Contas do Estado, desde agosto de 2019. Assim que o processo for liberado pela Corte de Contas, a autarquia dará prosseguimento à licitação para substituição de todos os postes danificados”, segue a nota.

Sobre a falta de ônibus, a Prefeitura, na condição de poder concedente e fiscalizador do serviço, disse que “o bairro é atendido pela linha 345 - São Cristóvão x Reserva do Peró  (via Monte Alegre)”. A Auto Viação Salineira, concessionária responsável pelo serviço, respondeu que “cumpre integralmente as determinações do poder concedente”.

Como se não bastasse, outra área que gera reclamações é a saúde pública. O morador Leandro Vidal afirma ter procurado o Hospital Municipal Otime Cardoso dos Santos, no Jardim Esperança, há cerca de duas semanas, sem conseguir atendimento.

– A cidade está abandonada, mas principalmente o nosso bairro, porque não tem estrada, não passa ônibus, não tem asfalto, então as autoridades não estão nem aí pra gente. Fico triste principalmente pelas crianças. Sem falar que há alguns dias eu quebrei o meu braço e fui no hospital para receber atendimento e não consegui. Disseram que tinha dois médicos, mas estavam de greve e só atendiam casos graves. Fui em Rio das Ostras pra imobilizar o braço. Veja bem, o Grande Jardim é uma cidade dentro da cidade, como pode o hospital não funcionar? Eu não entendo isso, já que o prefeito é médico – reclama ele.

Sobre o problema no hospital, a Prefeitura enviou a seguinte nota:

“A Secretaria de Saúde informa que o Hospital Otime Cardoso dos Santos está funcionando normalmente”.