A vida da mãe da jovem Eduarda não tem sido nada fácil nos últimos dois anos. O drama de Reneé Castanho e da filha autista de 12 anos já é conhecido do leitor da Folha desde 2014, quando o jornal relatou em sucessivas matérias a dificuldade de adaptação da criança à escola pela escassez de funcionários preparados para lidar com o transtorno
Dois anos depois, a família não tem passado ilesa pela crise na Educação do município. Com a greve dos professores para cobrar os atrasos salariais e a falta de pagamento de outros direitos, a rotina da criança foi afetada, segundo Reneé.
Por ficar mais tempo em casa, Duda, como a criança é chamada, tem ficado bastante agitada. As crises nervosas, ela comenta, têm feito a menina quebrar coisas e se ferir de propósito nos braços, nas pernas e em outras partes do corpo. O desespero fez Reneé contar o seu sofrimento e o da filha em uma postagem na rede social.
– O autista precisa de uma rotina e, quando isso foge a ela, acaba se agredindo. Ela não entende o que é greve, que é isso que não a deixa ir para a escola. A gente não sabe mais o que fazer. Se nada for feito, ela vai continuar se agredindo até acontecer alguma coisa mais séria – preocupa-se a empresária.
Mas se engana quem acha que a mãe joga a responsabilidade do seu problema nas costas dos professores fora de sala de aula. Reneé é mais uma a engrossar o coro de críticas pelos atrasos no pagamento aos funcionários da Educação.
– Sou totalmente solidária a eles. Reúnem meia dúzia de pais que nem sei quem são. Não acredito que um pai ou uma mãe acreditem que o prefeito esteja certo. A verba é passada para o pagamento dos professores e isso não é feito. Política não me interessa. Luto apenas pelos direitos da minha filha – afirma.