No primeiro dia útil de mandato, ontem, a agenda do prefeito de Cabo Frio, Marquinho Mendes (PMDB), ficou lotada de compromissos, afinal não há tempo a perder na tarefa de tirar a cidade do buraco. E o prazo para, pelo menos, tentar recolocá-la nos trilhos da normalidade já foi estipulado: a emblemática data de 100 dias, isto é, no próximo dia 10 de abril.
Em meio a reuniões com a equipe, visitas a unidades de Saúde e atendimento à população, Marquinho recebeu a reportagem para um bate-papo no seu gabinete, cuja decoração estava reduzida ao mínimo, uma vez que assim como no restante da sede, vários itens foram retirados nos últimos dias da gestão de Alair Corrêa.
– Eles deixaram essa cidade destruída, falida. Aqui está a prova, só no prédio administrativo, a gente vê o desleixo da administração passada. Aqui, eu ainda sou um pouco privilegiado porque deixaram o ar funcionando. O resto levaram tudo – ironizou.
Assim como fez nos meses entre a eleição e a posse, Marquinho bateu novamente na tecla do discurso de reconstrução da cidade, mas pediu paciência à população e disse que os primeiros tempos serão ‘de sacrifícios’. Mas, em plena alta temporada, alguns setores não podem esperar.
Com a greve dos funcionários que atuam na organização das ruas da cidade, foram contratados temporariamente 280 agentes, sendo 180 para trabalhar na Postura e 100 na Guarda Municipal. Para atender à área de Saúde, que fica sobrecarregada nesta época do ano, foi normalizado o atendimento nas Unidade de Pronto Atendimento do Parque Burle e de Tamoios. O HCE, contudo, permanecerá aberto. Por sua vez, o Hospital da Jardim Esperança, antes restrito às internações, também voltará a atender emergências. O Hospital da Criança, no Guarani, ficará fechado por tempo indeterminado para reestruturação. Deste modo, o atendimento e a internação pediátricas serão transferidos para uma ala do Hospital da Mulher, no Braga, reaberto ontem.
– Os 100 dias são para ‘limpeza da casa’, para depois a gente conseguir deslanchar no que diz respeito à cidade como um todo – disse Marquinho.
No entanto, deslanchar significa alavancar as receitas e fazer os necessários cortes na folha de pagamento. Para isso, de acordo com o prefeito, já estão sendo preparados decretos municipais em conjunto com a Procuradoria-Geral e a equipe financeira. Uma série de mensagens também já estão sendo preparadas e, em breve, serão enviadas à Câmara Municipal. Uma das primeiras será um projeto de lei que estipulará condições facilitadas de pagamento das cotas atrasadas do IPTU, com direito a anistia das multas e juros. Os benefícios, ele acredita, serão a médio prazo.
– Todos terão que entender que as soluções não serão de imediato. Não podemos cometer erros. Tem que ter um pouquinho de paciência para que a gente possa avançar – planeja Marquinho.