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Mar cristalino pode ter confundido mergulhador em Arraial

Jovem praticava pesca submarina em apneia, modalidade considerada de risco

12 março 2016 - 20h44Por Rodrigo Branco

 

A beleza cristalina que encanta turistas e nativos no mar de Arraial do Cabo é a mesma que pode provocar a morte, como a do mergulhador Alexsandro Alves, de 30 anos, cujo corpo foi encontrado a 25 metros de pro- fundidade, próximo à Ilha do Farol, no começo da semana. De acordo com informações de pessoas que trabalham no mar, as condições da água, excessivamente clara, podem ter confundido o rapaz que praticava
o mergulho na modalidade ‘apneia’, também conhecida como mergulho livre, ou seja, apenas no fôlego, sem o auxílio de cilindros de oxigênio.

– Quando a água é muito azul, dá uma falsa dimensão de profundidade. Você desce e tem a nítida impressão de que está menos fundo do que está por causa da refração da luz e da máscara que aproxima o objeto em 30%. Mas ele era experiente, ‘diver (mergulhador) master’. Infelizmente não tem como prever isso – lamenta Alexandre Jovita, presidente da Associação de Mergulhadores Recreativos de Arraial.

As circunstâncias da morte de Alexsandro não são totalmente conhecidas. Sabe-se apenas que ele praticava pesca submarina e tinha um peixe preso ao arpão que carregava. A única certeza é que mesmo a experiência do mergulhador não foi suficiente para livrá-lo dos riscos envolvidos no mergulho de apneia, prática esportiva bastante difundida na Europa, com a disputa de campeonatos. O também mergulhador Jorge Luiz de Paula, o Jorginho Mergulhador, reforça que a atividade é arriscada e não recomendada. Segundo ele, a prática requer muito preparo físico. Jorginho comenta que a técnica mais usada é a chamada interventilação, na qual a pessoa prende e solta o ar dezenas de vezes antes de
submergir.
– Há alguns anos resgatei um rapaz que era campeão de caça submarina e participei de outros resgates. Muitos desmaiam. Apagar nesse casos é normal. Não recomendo esse tipo de mergulho, mas se fizer tem que levar equipamento de stand-by e uma pessoa de ‘sombra’ ao lado – explica.

Alexandre Jovita reforça os argumentos de Jorginho.

– O procedimento certo é um ficar no barco e o outro no fundo. Mas só se sabe que tem problema quando se dá falta da pessoa. Também não há curso, legislação nem carteira para esse tipo de mergulho – afirma.

ATENÇÃO

De acordo com a pneumologista Anete Amorim, a falta de respiração em um intervalo prolongado pode levar à hipóxia, que é a baixa de oxigenação na corrente sanguínea. Dependendo da situação, pode haver a paralisação da atividade cerebral e do coração, levando a pessoa à morte.