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Largo São Benedito enfrenta abandono

Desperdício de energia, insegurança e sujeira são alguns dos problemas citados por moradores

19 outubro 2016 - 00h41Por Texto e foto: Gabriel Tinoco
Largo São Benedito enfrenta abandono

Cinco mulheres, ao ad­mirar a ‘Superlua’ (perío­do em que a lua fica mais próxima à terra), sentadas no deck da Passagem, foram surpreendidas por dois homens, um deles ar­mado: “depressa, tia! Só queremos o celular! Rápi­do, tia”. Os ladrões leva­ram os aparelhos e a lua se deixou esquecida sobre o Canal. O Largo São Be­nedito, um dos destinos mais procurados de Cabo Frio, vive tempos difí­ceis: iluminação precária e sujeira também assolam um paraíso que se perde em meio aos problemas da cidade.

– O descaso do Poder Público provoca estra­gos que podem se tornar uma tragédia. Uma coisa simples que fiz naquele lugar durante toda mi­nha vida. Não adianta falar que estávamos na hora e no lugar errados. Isso não justifica ter uma arma nos ameaçando. Se a Passagem está abando­nada, sem iluminação, imagine os bairros peri­féricos –questiona a me­morialista Meri Dama­ceno, 57.

O servidor Eneas Vas­concelos, 56, cobra uma boa iluminação para ini­bir os crimes.

– A orla está um breu. Pode passar por ela toda, que está completamente escura. Só os postes pe­quenos que estão ligados, mas não adianta de nada, porque ilumina cerca de uns dois metros de dis­tância. Está mais perigoso por isso — comenta.´

A produtora cultural Luciana Branco, 53, tam­bém estava entre as quatro mulheres assaltadas – o sentimento dela, no en­tanto, é de complacência.

– A pior escuridão é a falta de educação. Crian­ças e jovens fora da es­cola, profissionais da educação sem salários... Quando os assaltantes se aproximaram, a palavra que mais mexeu comigo foi “tia”. Senti medo e uma infinita pena da ado­lescência perdida... Quem acha que o problema está somente na deserta rua es­cura à espera do luar está muito enganado – desaba­fa a organizadora do San­to Samba.

A Praça São Benedito, point boêmio e um dos locais mais belos da cida­de, também sofre abando­no. Enquanto a escuridão toma conta das margens do Canal, postes ligados em plena luz do dia mostram o desperdício de energia. Luciana Branco, inclusi­ve, tem até uma campanha para melhorar o local.

– Começo uma campa­nha em apoio ao cuidado e à preservação do Largo São Benedito. Quero unir pessoas que amam aquele lugar para que juntos pos­samos protegê-la. A pra­ça é do povo, é um bem coletivo. Devemos cui­dar dela. Chega de espe­rar pelo Poder Público. A Passagem não merece.

– A praça está largada. Estou criando um res­taurante aqui e essa foi a primeira coisa que vi. A sujeira está por toda a praça. Os postes ficam ligados na luz do dia desde um evento. Nin­guém desliga. É um ab­surdo um lugar que tem uma das igrejas mais an­tigas do Brasil estar lar­gado desse jeito – critica o empresário Carlos Al­berto Ferreira, 37.

O marceneiro Renato Ribeiro, 49, também de­monstrou insatisfação.

– Falta iluminação pela orla. Aliás, falta uma presença do Estado aqui para resolver as coisas – dispara Renato.