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Lagoa

Lagoa de Araruama passa no teste do verão

No entanto, ativistas ambientais afirmam que ainda falta muito para o ideal

06 março 2017 - 19h55Por Rodrigo Branco I Foto: Reprodução
Lagoa de Araruama passa no teste do verão

Além do impacto causado sobre os serviços públicos essenciais, como a Saúde e a limpeza urbana, o grande fluxo de turistas na região durante a alta temporada provoca o temor pela sobrecarga de um dos seus principais ecossistemas: a Lagoa de Araruama. Para as autoridades ambientais ouvidas pela Folha, no entanto, este verão não está sendo igual ao que passou do ponto de vista da qualidade das águas. Embora reconheçam a necessidade de avançar nas políticas de despoluição da maior laguna hipersalina do mundo, eles comentam que o cenário é muito melhor que o de anos anteriores.

– A gente tem medido a balneabilidade e o resultado tem sido adequado. Turistas e moradores viram que a água está mais limpa. As obras no Boqueirão (em São Pedro) e o nivelamento do margem em Iguaba ajudaram a melhorar a circulação de água na lagoa. Além disso, pelo que observei, as prefeituras têm conscientizado a população a manter as praias limpas – avalia a superintendente regional Lagos e São João do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Márcia Simões.

Para o coordenador municipal de Meio Ambiente, Eduardo Pimenta, as ações do Consórcio Intermunicipal Lagos-São João e da concessionária responsável pelo serviço, sobretudo para o tratamento do esgoto, representaram um avanço para o atual quadro, mas que o aumento temporário da população, que chega a cinco vezes o número normal, cobram a conta, ainda que em menor escala.

– A partir de agora, na baixa temporada, a lagoa vai depurar todos os nitratos, fosfatos e coliformes fecais, que foram lançados e vai ficar em estado de excelência próximo do Ano Novo de 2018. Mas de forma geral, ela suportou bem, embora em alguns lugares, por alguns fatores, como o excesso de carga orgânica tratada e não tratada, foram mais prejudicadas como a enseada das Palmeiras, da Praia do Siqueira e de Perynas. Mas essa situação tende a melhorar gradativamente – explica Pimenta.

Contudo, ativistas que lutam pela melhoria das condições de vida naquele bioma não comungam do mesmo otimismo e cobram soluções. Para a bióloga e mestre em Engenharia Ambiental, Gisely Mendes, ligada ao Movimento Salve a Lagoa, enquanto redes separadoras de esgoto não saírem do papel, o problema da contaminação hídrica não será resolvido.

– Não existe outro meio para analisar a qualidade da água, a não ser através de análises laboratoriais. Podemos ver uma água clarinha, mas que tem um nível de contaminação elevado. E o contrário também pode ocorrer. A revitalização da Laguna de Araruama perpassa por um esforço conjunto do poder público, concessionárias, Comitê de Bacias e sociedade civil – analisa a especialista.

Colega de Gisely no Movimento, a ativista Maria Eduarda, a Madu, diz que são necessárias medidas duradouras.

– Quanto à dragagem que muitos querem que seja feita periodicamente, temos muitas dúvidas, pois até hoje, não conhecemos nenhum estudo que fale sobre o seu impacto na lagoa. Lutamos para que obras de saneamento sejam feitas para que, aí sim, possamos começar a falar sobre despoluição – pondera Madu.