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Janio atribui votação decepcionante à ‘rejeição a políticos convencionais’

"Resultado foi um puxão de orelha", reconhece ele

04 outubro 2016 - 09h15Por Texto e foto: Rodrigo Branco
Janio atribui votação decepcionante à ‘rejeição a políticos convencionais’

Principal adversário de Alair Corrêa (PP) há quatro anos, Janio Mendes (PDT) trazia consigo a expectativa de repetir a votação expressiva que teve à época – cerca de 40 mil – e enfim realizar o sonho de ser prefeito. No entanto, a eleição virou pesadelo para o pedetista, que acabou em terceiro, com 18.851 votos. Agora, diz ele, é hora de refletir. “O resultado foi um puxão de orelha”, admite, um dia depois da derrota.

Folha dos Lagos – Como você avalia o resultado das urnas?

Janio Mendes – Fica o recado que cada um de nós da classe política temos que fazer uma análise profunda. A esmagadora maioria de votos nulos, mais a abstenção mostra que o povo quer que o político reflita mais e se aproxime cada vez do pensamento popular nesse momento é de indignação e de indiferença com a classe política. Fica a lição. Cabe-me rever ações, ver onde a gente errou e buscar uma aproximação com a população. Essa é a razão da classe política existir, o povo. Pegar o resultado da urna e intensificar o trabalho, trabalhar mais.

Folha – Como você avalia o seu próprio resultado? Você se surpreendeu? Qual a autocrítica?

Janio – Esse sentimento de mudança que esta aí pairando na política nacional ao longo das últimas eleições. O efeito que já veio da eleição presidencial, com a ascensão repentina da Marina Silva e que agora se repete nas eleições municipais. É o povo buscando novos caminhos, novas alternativas políticas mostra sua indignação com o modelo reinante.

Folha – Você faria alguma coisa diferente na campanha?

Janio – É preciso avaliar cada passo e com o correr do tempo, vamos ter tempo para isso, rever aquilo o que a gente fez e não agradou a população. Ter a humildade de admitir que errou e aprender com os próprios erros.

Folha – Como é o futuro político do Janio agora?

Janio – É viver o momento, é trabalhar intensamente o mandato. Ajudar a cidade, ajudar a região. É esse o objetivo. O que vai acontecer para frente é o processo que vai dizer.

Folha – Marquinho venceu na urna, mas ainda está com a situação indefinida na Justiça. Em caso de uma nova eleição, conforme prevê a lei, você será novamente candidato?

Janio – Essa é uma decisão que a gente precisa tomar com o mundo político, com a família. É algo que precisa ser aberto com a sociedade. É preciso entender o que a sociedade quer nesse momento. O fundamental disso é que essa decisão deve ser a mais rápida possível porque a cidade não suporta mais essa história da eleição não acabar no dia 2. A gente precisa por um ponto final nisso, que a Justiça decida se o Marquinho vai assumir ou se vai ter nova eleição. É preciso que a cidade tenha uma normalidade, que tenha um tempo de paz. Eu quero contribuir para esse tempo de paz.

Folha – Sua coligação vai continuar batendo na tecla da impugnação na Justiça?

Janio – A ação foi feita, a Justiça decidiu e cabe a ela decidir.

Folha – Você e seu grupo serão opositores de Marquinho?

Janio – Nós somos oposição ao governo, não a uma cidade. Isso precisa ficar claro. O governo precisa ser fiscalizado e controlado pela sociedade. Muitas das mazelas que vivemos hoje é pela falta de controle da sociedade e pela falta de oposição na Câmara Municipal. Então a bancada do PDT vai atuar nessa direção.

Folha – Na internet, muitos falam que esse resultado é um sepultamento do seu sonho de ser prefeito? O que acha disso?

Janio – É só um adiamento. Como disse, é um momento político em que as pessoas estão revoltadas com os políticos convencionais. Como Tancredo Neves dizia, a política é igual a uma nuvem. Uma hora está de um jeito, outra hora está de outro. Tenho que refletir as alianças que fiz. O momento político é entender esse resultado como um puxão de orelha que recebi para repaginar as minhas ações. Não sou o primeiro nem serei o último a passar por esse momento. Tenho que encarar e conversar com o eleitor para corresponder as expectativas da próxima vez.

Folha – A avaliação nas redes sociais é de que você passou uma imagem de arrogância. O que diz sobre isso?

Janio – Com certeza. O povo é autoridade máxima do processo. É válido e vou refletir minhas condutas públicas e políticas. Só não tenho reflexão a fazer da minha vida pessoal e particular. Até porque minha votação não foi um desastre, embora o resultado tenha frustrado as expectativas, inclusive as minhas. O povo quis a novidade e a novidade era o Adriano. A população rejeitou os políticos de um modo geral. Os votos nulos e as abstenções ganharam a eleição, foram mais de 51 mil. Paulo César passou de deputado federal para 13 mil votos. Leitão teve 5 mil votos na última eleição e caiu para 2 mil. O próprio Marquinho se elegeu da última vez com 47 mil votos e agora teve 44 mil. O eleitorado cresceu e a votação diminuiu. Não foi só o Janio, é preciso fazer uma análise política de conjunto. Nós políticos fomos rejeitados. Houve uma onda de indignação que contribui para vida pública.

Folha – Após a eleição, Marquinho disse que seus êxitos eleitorais foram por causa dele. O que diz sobre isso?

Janio – Fui eleito vereador quatro vezes, deputado estadual duas vezes sem o apoio dele. Em nenhuma das eleições para deputado ele me apoiou. Não vejo onde tenha contribuído para minhas eleições. Na primeira, ele apoiou Paulo Melo e na última, Aquiles Barreto. A vez que em que me apoiou, eu perdi para Alair. Pelo contrário, em 2014, eu ganhei e Aquiles ficou na primeira suplência.

(*) Atualizado em 04/10 às 10:54h.