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Invasões avançam nos distritos de Arraial do Cabo

Moradores do bairro Novo Arraial denunciam a ação de grileiros na localidade

10 dezembro 2016 - 19h22Por Redação | Foto do leitor
Invasões avançam nos distritos de Arraial do Cabo

Moradores do Novo Arraial derrubaram mourões de madeira colocados pelos posseiros 

Durante o período de transição de governo em Arraial do Cabo, um problema cada vez mais comum dá as caras no município: a invasão de áreas de proteção ambiental para venda ilegal de terrenos para particulares. A prática é bastante corriqueira, sobretudo na região dos distritos de Monte Alto e Figueira, incrustrados no Parque Estadual Costa do Sol ou na Área de Proteção Ambiental (APA) da Massambaba. Bairros como o Parque das Garças e das Gaivotas, o Sabiá, o Caiçara e até mesmo a Prainha, este já no perímetro urbano da cidade, sofrem com a ação dos grileiros.

Nesta semana, o alvo da ação ilegal dos posseiros foi o bairro Novo Arraial do Cabo, que fica a 3 Km do centro de Figueira. Na última quinta (8), um grupo foi flagrado cercando de mourões de madeira uma propriedade pública que, segundo consta no mapa da localidade, está destinada à futura construção de uma praça.

O caso não passou em branco. Revoltado, um grupo de moradores foi ao local e impediu o avanço do trabalho arrancando as madeiras que cercavam a área pública. No entanto, na noite seguinte, o terreno foi novamente segregado pelos posseiros. Mais um vez, contudo, os moradores retiraram os obstáculos e, agora, ameaçam atear fogo ao material. O episódio chama a atenção pela ousadia, uma vez que a área em questão fica praticamente às margens de uma rodovia estadual, a RJ-102; a poucos minutos da praia e da Lagoa de Araruama, e trata-se de um local bastante valorizado. No entanto, moradores e comerciantes já temem que a ação predatória diminua o preço de mercado dos terrenos que, em alguns casos, já beira os R$ 80 mil.

− Estão invadindo para favelizar o local e o que a gente comprou com muito sacrifício vai desvalorizar completamente. Debocharam de mim e disseram que se a gente não cuida dos terrenos, eles (invasores) vão cuidar. Mas não vão não. A gente pagou por isso aqui, não invadimos não, meu terreno é todo legalizado − afirma a comerciante Eliana Soares.

A promessa é de resistência. Os moradores já começaram a se organizar e acionar as autoridades. Uma queixa foi feita à Prefeitura e um boletim de ocorrência será registrado na delegacia. O comandante do 25° Batalhão da PM, tenente-coronel André Henrique de Oliveira, afirmou que a polícia está atenta ao problema e garantiu que haverá repressão toda vez que uma equipe for acionada.

De acordo com o chefe do Parque Estadual da Costa do Sol, André Cavalcanti, o problema das invasões em toda a região deve ser enfrentado por uma força-tarefa institucional. Ele propôs um encontro para resolver o assunto.

− O ideal é marcarmos uma reunião entre a APA, o Parque, o município e a Polícia Ambiental para a gente pensar na estratégia porque senão ficamos enxugando gelo e as coisas não acontecem efetivamente − disse Cavalcanti.

No caso específico do Novo Arraial, muitas áreas de vegetação de restinga também já foram invadidas e hoje possuem construções ilegais. Em Monte Alto, as casas erguidas já avançam pela faixa de areia.

Até o fechamento desta matéria, a reportagem não conseguiu entrar em contato com os representantes da Prefeitura de Arraial do Cabo.