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PLANTANDO O AMOR PELA CIDADE

Incomodado com abandono, empresário revitaliza canteiros e jardins no São Bento, em Cabo Frio

Com trabalho solitário e cuidadoso, Frederico Santa Rosa deixa local mais verde e acolhedor

12 fevereiro 2020 - 19h29Por Rodrigo Cabral

Chuviscava à beira do Canal do Itajuru, nesta quarta-feira (12) de manhã, às 9h, quando o empresário Frederico Santa Rosa preparava um dos canteiros da orla Scliar, no bairro São Bento, em Cabo Frio. Agasalhado, tirava um pouco de terra com uma pá, procurando espaço para as novas plantas que trazia na outra mão. É o que chamam de trabalho de formiguinha: com a ajuda de amigos, Frederico tem, de pouco em pouco, deixado o lugar mais verde e acolhedor. E não apenas isso: além de placas de conscientização, foram instalados, em estruturas de madeira, um parquinho para famílias levarem as crianças e espaço para exercícios físicos.

Na ponta do Boulevard Canal, o São Bento é conhecido por ser charmoso e bucólico. Foi, por exemplo, o refúgio escolhido pelo pintor modernista Carlos Scliar nos anos 1960. Tantas qualidades fizeram Frederico se mudar lá há cinco anos. Nos últimos tempos, no entanto, o empresário vem se incomodando com a situação de abandono que testemunha todos os dias. Primeiro, alertou sobre a o fato nas redes sociais.

Depois, participou de encontros com empresários da rua. Por fim, decidiu arregaçar as mangas e fazer o que podia, com a ajuda de outros amigos empresários e aval da Prefeitura.

– Tenho visto o Boulevard abandonado. Comecei a questionar isso. Olha ali, o deque de madeira quebrado – apontou ele, enquanto cuidava do canteiro.

Ele conta que se sente realizado em poder colaborar.

– Como morador, isso me incomoda. Ficar esperando boa vontade dos outros não dá. A gente se sente realizado sabendo que está colaborando com a sociedade e a comunidade. E, pensando friamente, o bairro se valoriza: ganham os donos de imóveis, bares e restaurantes. Temos que pensar assim. E ajudar. A sociedade tem que se manifestar. Dar a sua colaboração. Não podemos apenas esperar a Prefeitura. O dono de restaurante, por exemplo, tem que armazenar o lixo de forma decente. Não pode apenas colocar um saco para a Prefeitura recolher. Se o recolhimento demora, aquilo fica lá exposto, sai aquele chorume. Fica ruim para todo mundo – alertou.

Diretor do Colégio Santa Rosa, em Búzios, Frederico também aproveitou um  projeto de distribuição de mudas para a comunidade que a unidade de ensino realiza com os alunos para deixar algumas delas no São Bento. 

– Trago sempre duas ou três mudinhas. As pessoas passam e levam gratuitamente – explicou.

O trabalho também é de abrir os olhos de quem passa por ali. As placas fixadas têm alguns dos seguintes dizeres: “recolha as fezes do seu cão”, “denuncie o vandalismo”, “proteja a natureza”, “não jogue lixo” e “amigo comerciante, deixe seu lixo organizado e embalado”. Mas a vida de quem quer ajudar não fácil, porque o empecilho aparece logo à vista.

– Estou preocupado. Falamos para a pessoa não jogar lixo, só que não tem lixeira. Mas vamos resolver isso.