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vitor gomes

Ex-ídolo do Vasco fala dos negócios

Jogador é sócio de uma corretora em Cabo Frio

 

14 agosto 2014 - 15h37Por Rodrigo Branco
Ex-ídolo do Vasco fala dos negócios

Mantida à base de exercícios regulares, a silhueta do ex-jogador de futebol Vitor Gomes, 42, é praticamente a mesma do tempo em que infernizava as defesas rivais com seus dribles e lançamentos precisos. No entanto, a pesada rotina de treinos, entrevistas e jogos, em uma época em que o velho Maracanã comportava mais de 100 mil torcedores, foi substituída por outra, bem mais pacata, desde que encerrou precocemente a carreira profissional, aos 25 anos, por problemas físicos, no seu clube de coração, o Vasco da Gama.

Mas se, por um lado, o assédio da torcida e da imprensa diminuiu, o antigo meia-armador cruzmaltino e, atualmente, sócio de uma corretora de imóveis no centro de Cabo Frio, embora afastado das peladas há algum tempo, não se desligou inteiramente do futebol. Há dez anos, ele começou a trajetória em frente aos microfones, no programa ‘Agito Esportivo’, do radialista e locutor esportivo Sidnei Marinho, do qual participa até hoje, agora na Rede Litoral News.

Durante a última Copa do Mundo, Vitor também atuou como colunista da Folha dos Lagos, onde assinou o espaço chamado ‘Salve a Seleção’, com análises e comentários nos dias de jogos do Brasil. A experiência de dez anos nos gramados (incluindo as divisões de base), ele garante, foi fundamental para  que exercesse com sucesso a nova função, do lado de fora das quatro linhas.

– Foi minha primeira experiência em jornal. Achei muito interessante e gostei muito. A repercussão foi muito boa, pois o jornal é muito lido. A sensação de poder emitir e formar uma opinião é ótima. Andava na rua e o pessoal vinha comentar comigo. Acho também que a experiência de quem viveu e respirou os bastidores do futebol ajudou muito, pois sabemos como funciona a coisa por dentro – acredita ele, que cita Júnior, Roger Flores e o ídolo Juninho Pernambucano como bons exemplos de “craques-comentaristas”.

E foi com as bênçãos e elogios de algumas ‘feras’ da crônica esportiva carioca, como Áureo Ameno, Fernando Calazans, o ‘Garotinho’ José Carlos Araújo e, principalmente, Gérson ‘Canhotinha de Ouro’, que Vitor surgiu como um meteoro no cenário do futebol brasileiro no início dos anos 1990. Antes disso, ainda garoto, já estraçalhava nas partidas disputadas, em meio a jovens até cinco anos mais velhos – primeiro nas ruas do bairro de São Cristóvão e depois, na quadra do Tamoyo Esporte Clube. Um torneio infanto-juvenil na cidade, com a presença de grandes equipes da capital, deu o impulso definitivo para que o menino prodígio alçasse voo.

– Empatamos por 4x4 com o Fluminense e fiz os quatro gols. Depois, ganhamos do Flamengo por 4x3 e marquei outros três. Acabei chamando a atenção do Flu e quase fui parar nas Laranjeiras. Foi quando um diretor do Vasco que estava na cidade soube e me convidou para fazer um teste. Aí falei: “Claro, quem não quer a oportunidade de jogar no seu time de coração?”. No primeiro jogo que fiz contra o Flu, a pessoa que me convidou olhou para mim como quem olha para um E.T. – diverte-se.

Aprovado na rigorosa ‘peneira’, com mais de 200 meninos, teve que sair da Região dos Lagos e do conforto da família para a concentração das categorias de base vascaínas, em São Januário. Maduro, ele diz que apesar dos momentos complicados, estava determinado.

– Foi um choque. Saí de casa para morar em um alojamento com outros 12 garotos debaixo das arquibancadas de São Januário. A alimentação não era boa e o calor, insuportável. Meu pai (seu Cilésio) impediu minha mãe de ver onde eu estava. Sofri muito, mas ele sabia do meu sonho – comentou.

Valeu a pena. O canhoto fez parte de uma das melhores gerações já surgida base do clube da Colina, entre 1990 e 1994. Com ele, foram revelados outros nomes talentosos, como os laterais Pimentel e Bruno Carvalho; o meia Yan; o atacante Gian; os zagueiros Tinho e Alex Pinho e o artilheiro Valdir ‘Bigode’, com quem mantém amizade até hoje. A equipe marcou época, ao conquistar vários títulos, como o bicampeonato estadual de juniores; da Taça BH e, o mais importante, da Taça São Paulo de Juniores, em 1992, até hoje, feito único na história do Vasco.

Naquele ano, assinou o primeiro contrato como profissional, mas demorou a se firmar, em função da grande concorrência no meio-campo, onde os experientes Bismarck, Willian e Carlos Alberto Dias desfilavam toda a sua categoria. Com o time forte e entrando aos poucos, fez parte do elenco tricampeão estadual (92 a 94) e que venceu o Torneio Rio São-Paulo (93). A sonhada sequência de jogos só aconteceu em 94, após quase se transferir para o Botafogo. Todavia, quando disputava a oitava partida seguida como titular, contra a Portuguesa, em Juiz de Fora, o imponderável: uma entrada do lateral Zé Maria e uma pisada em falso em uma vala na beira do gramado resultaram em grave contusão no ligamento cruzado lateral do joelho direito. Uma infecção hospitalar contraída após a cirurgia, complicou ainda mais o quadro, deixando-o com sequelas e até a ameaça de amputação da perna. Após mais de dois anos de luta e tentativas de recuperação, a difícil decisão de parar.

Vitor entrou em depressão, mas a boa estrutura familiar garantiu o recomeço, com a conclusão da faculdade de Administração e a abertura da imobiliária, há 15 anos. Hoje bem resolvido, mata as saudades quando reencontra os antigos colegas, como Valdir, Tinho e Alex.

– Sinto-me realizado com o que fiz no futebol. Mas o que mais sinto falta é das amizades, da ‘resenha’. De estar em campo mesmo – conta o meteórico craque.

De fato, o sentimento ainda não parou.