“Se fosse da estaca zero, estava bom, mas vamos pegar a situação na estaca ‘menos alguma coisa’”. O desabafo mostra o tamanho do desafio que aguarda o futuro coordenador de Postura de Cabo Frio, Gilson da Costa, a partir do ano que vem. A atual crise financeira e administrativa da Prefeitura está dificultando o planejamento para a alta temporada. Segundo Gilson da Costa, não há sequer um levantamento de quantos ambulantes atuam hoje na cidade, uma vez que o último licenciamento anual foi feito no começo de 2015.
– A transição da parte administrativa está ocorrendo, o problema é a postura ética do governo. Nesta altura, já deveríamos estar preparados para o Réveillon e a alta temporada. Só vamos tomar pé em termos de licenciamentos e controle de mercadoria quando entrarmos. Toda hora surge uma barraquinha e uma Kombi nova. São dois anos que as ruas estão largadas – afirma.
Às portas do verão, Gilson afirma não saber qual estrutura poderá contar. Como as dificuldades financeiras se estendem ao Governo do Estado, mesmo o trabalho de integração com a Polícia Militar e com os Bombeiros está prejudicado e ele acredita que apenas a partir de 15 de janeiro haverá a exata noção do que terá à disposição.
– Acredito que até lá (meados de janeiro) saberemos em termos mais sólidos sobre o que fazer, por causa da falta de dinheiro. Minha área depende de logística – explica.
Entretanto, tão delicada quanto a condição estrutural está a parte humana da coordenadoria. Com três meses de salários atrasados, em média, os funcionários estão com braços cruzados e a motivação em baixa. Duas reuniões com a equipe estão previstas para hoje e amanhã. O objetivo é ouvir as queixas tanto da parte financeira como da técnica para traçar um diagnóstico das carências.
Apesar das dificuldades, a promessa é de que o prefeito eleito Marquinho Mendes dará apoio para o cumprimento da espinhosa tarefa de ‘dar um ar de organização’ à cidade, isso nas palavras do próprio Gilson. Segundo ele, o objetivo é restabelecer a ordem pública por toda a cidade, inclusive no segundo distrito, onde são frequentes as queixas, sobretudo no período de Carnaval.
Ciente do caos social que se instalou por causa dos atrasos salariais aos servidores municipais, o que levou muitos deles a migrar para a informalidade, ele promete ser criterioso na concessão das licenças e na fiscalização das atividades.
– Não pensem que eu sou mágico porque em dez dias não vou resolver os problemas. Pode haver um clamor negativo ao nosso trabalho, no início, quando retirarmos algumas dessas pessoas clandestinas e sem licença. Vamos estabelecer critérios sociais, legais e sempre observar, com sabedoria, o lado emocional. Quero estabelecer uma conversa aberta para que o maior número de pessoas possível possa trabalhar – prometeu o futuro coordenador.