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Funcionários relatam rotina de problemas nos hospitais de Cabo Frio

Greve por atraso nos salários está provocando alterações nas emergências

26 julho 2019 - 20h03Por Tomás Baggio I Foto: Arquivo Folha
Funcionários relatam rotina de problemas nos hospitais de Cabo Frio

A greve dos funcionários da saúde municipal de Cabo Frio, em virtude dos seguidos atrasos no pagamento dos salários dos servidores, está causando impactos na rotina das unidades de saúde. Servidores ouvidos pela reportagem sob a condição de anonimato dizem que, nas emergências, apenas casos mais graves estão sendo atendidos. Internações também estão deixando de ser feitas por falta de pessoal para cuidar dos pacientes.

– Muitos funcionários estão revoltados. Acho que eles (governo) estão esperando parar tudo para fazer alguma coisa. Eles alegam que não tem dinheiro pra pagar em dia mas todo dia entra mais gente e a folha de pagamentos só vai aumentando. Não tem como isso dar certo – disse uma pessoa entrevistada.

A reportagem também recebeu depoimento via rede social. O relato indica que médicos estão pedindo demissão e que apenas casos emergenciais estão sendo atendidos.

– Quatorze médicos pediram demissão nos últimos 40 dias, ou diminuíram suas cargas horárias, devido à falta de pagamento de seus salários. Os médicos que continuam trabalhando reivindicam seus salários e a regularização da data de pagamento no quinto dia útil. Estes são clínicos e pediatras, que devido à inadimplência estão atendendo somente emergências, classificadas como vermelhas e amarelas. Diversos dias têm somente dois ou três clínicos, e alguns dias têm somente um ou nenhum pediatra – disse a fonte, se referindo ao Hospital do Jardim Esperança.

Outra pessoa que trabalha na unidade de saúde confirmou a situação.

– Está funcionando normalmente para atendimentos classificados como vermelho e amarelo. Pacientes internados também funcionando normalmente. Porém está com redução na enfermagem, porque a maioria concursada permanece de greve até o acordado pelo prefeito ser cumprido, que foi o pagamento de uma parcela do 13º de 2016.

Em relação às internações, há relatos de que leitos estão vazios por falta de pessoal para atendimento.

– Muitos casos de internação estão deixando de ser atendidos porque não tem enfermagem suficiente para fazer a assistência dos pacientes. Os concursados, que estão em greve, são um número muito grande, e somente com os contratados não dá vazão, mesmo com os concursados deixando uma quantidade mínima como prevê a lei - afirmou mais uma pessoa que conversou com a reportagem.

Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), Gelcimar Almeida, a situação não é pior porque a população já tomou conhecimento do problema e vem buscando atendimento em cidades vizinhas.

– Temos conhecimento de seis médicos que pediram demissão do mês passado pra cá. Isso agrava ainda mais o quadro de algumas unidades que já estavam com falta de médico. As equipes estão mantendo o quantitativo mínimo necessário de pessoas trabalhando, entre 40% e 50%. Além de enfermeiros e médicos, também aderiram à greve agentes administrativos, auxiliares de serviços gerais e motoristas, entre outros. É claro que a qualidade do atendimento cai, mas a população já está sabendo do problema e acaba procurando atendimento em outros municípios, por isso não está pior ainda – afirma.

Outra pessoa que trabalha em uma unidade de saúde da cidade afirma que os pacientes estão reclamando da situação.

– A população acha que é culpa dos servidores. Tem gente que já chega desacatando funcionário. Mas são nossos direitos. Teve gente que só recebeu essa semana o salário que era pra ter entrado no começo do mês. Muitos funcionários com problemas pra pagar aluguel, alguns sendo despejados, outros com dívidas no cartão de crédito. É uma situação insustentável – relatou.

Por meio de nota, a Prefeitura de Cabo Frio negou as informações fornecidas pelos entrevistados e disse que as unidades de saúde estão funcionando normalmente.

“A Secretaria de Saúde informou que essas informações não procedem. Os ambulatórios, hospitais e UPAs estão funcionando normalmente. Quanto aos comunicados de demissão, a Secretaria informou ainda que não recebeu nenhum ofício das unidades de saúde comunicando desligamentos no período questionado”, diz a nota.