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Uber

Debate deixa Uber na berlinda

Maioria dos participantes condena atuação da empresa nos atuais moldes

20 janeiro 2017 - 02h46Por Texto e foto: Rodrigo Branco
Debate deixa Uber na berlinda

 De tão acalorada, a discus­são sobre o aplicativo Uber, que abriu ontem a série ‘Folha Debates’, extrapolou em mais de meia-hora o horário previs­to para o término. Aos poucos, o auditório do jornal foi sendo tomado pelo público, ávido por falar o que pensa sobre a polê­mica modalidade de transporte recém-chegada a Cabo Frio. O encontro, mediado pelo jorna­lista Filipe Rangel, contou com a participação de representantes da Prefeitura, vereadores, advo­gados e membros de associações de taxistas, categoria que com­pareceu em massa ao evento. Também convidado, o Uber não enviou representantes.

Profissionais mais interessa­dos no assunto, os motoristas de praça foram unânimes em defender a proibição do serviço, considerados por eles como uma concorrência desleal. De outro lado, representantes da esfera jurídica, apesar de concordarem com a tese dos taxistas, alertam que o serviço não é ilegal, pois tem encontrado respaldo em de­zenas de sentenças favoráveis nos tribunais pelo país afora, in­clusive no Rio e em São Paulo. Consenso entre os convidados só que o atual modelo, sem o recolhimento de impostos e sem obediência à qualquer legisla­ção, não pode continuar.

– A concorrência tem pon­tos positivos, mas não podemos aceitar isso da forma que está. Tem que haver uma regulamen­tação – disse a vice-presidente da OAB de Cabo Frio, Alice Brum.

Definindo-se como um ‘libe­ral’, o subsecretário municipal de Mobilidade Urbana, Mauro Branco, defendeu a regulação pública para o caso do Uber. Ele defendeu a concessão de novas autonomias de táxi, caso um es­tudo indique que houve aumento da demanda de passageiros. Por fim, o subsecretário afirmou que o modelo aplicado pela empresa, de tarifas abaixo dos custos de manutenção para quebrar a con­corrência, não tem sustentabili­dade financeira a longo prazo.

– A perspectiva em médio pra­zo é o de sucateamento da frota, em que Uber vai apurar o lucro, e sem nenhum passivo, sai. E o que fica para cidade é ônus – co­mentou.

 

Audiência pública a caminho

Representante do Sindicato dos Taxistas, Josemário Morei­ra, o Baiano, foi taxativo ao di­zer que é contra a legalização do aplicativo na cidade. Em maior escala, ele comentou que esteve recentemente em Brasília para fazer lobby junto aos deputados a fim de aprovar o projeto de lei que proíbe o Uber em todo país, cuja votação está prevista para março. Garantindo que vai ‘lutar até o final’, Baiano destacou que o transporte feito por particulares não traz garantias nem segurança para os passageiros, mas também reconheceu que há deficiências no serviço oferecido pelos táxis e também na divulgação dos apli­cativos exclusivos de taxistas.

– Tem 251 táxis hoje em Cabo Frio. São 380 motoristas. A frota hoje merece mais 47 li­cenças, o prefeito e o secretário é que vão analisar isso aí. A lei diz que são 700 habitantes para um táxi e Cabo Frio tem hoje mais de 200 mil habitantes. A gente tem uma carência e preci­sa melhorar o serviço – admite.

Criticado por ter apresentado na Câmara um projeto de lei que proíbe o Uber sem ouvir a popu­lação, o vereador Vanderlei Ben­to (PMB) firmou a posição ante­rior, mas reconheceu que errou ao não abrir inicialmente o tema para discussão popular. Ele disse que já pediu a realização de uma audiência pública para discutir a questão, mas manteve-se irredu­tível no apoio aos taxistas.

– Não sou contra o Uber, sou contra a ilegalidade. Se não quer estar sujeito às nossas leis que não venham para o nosso país – disse sobre a empresa, cuja ma­triz fica nos Estados Unidos.

Também presente, o presi­dente da Câmara, Aquiles Bar­reto (SD) não estipulou data para a audiência, mas apoiou a iniciativa.

– O melhor caminho é o deba­te com a sociedade – comentou.

E como ela debateu. Debateu tanto que o mediador Filipe Ran­gel teve que pedir para que as intervenções do público fossem mais breves para que todos pu­dessem falar. Pelo visto, o assun­to e a polêmica ainda vão longe.