As escolas de samba de Cabo Frio começam a esquentar seus tamborins com vistas ao Carnaval de 2015. Nesta sexta-feira (24), às 19h, no Largo São Benedito, a Flor da Passagem entregará para sua ala de compositores a sinopse do enredo ‘Passagem, matriz do povoamento cabofriense – Cabo Frio 400 anos’, de autoria do carnavalesco Róbson Goulart, com o qual se apresentará na Morada do Samba no ano que vem.
O prazo para inscrição das composições termina em 14 de novembro, enquanto a primeira eliminatória acontecerá no dia 22 do mesmo mês. Uma semana depois, será realizada a grande final. Os cortes acontecerão na quadra de esportes que fica na Avenida do Contorno. O diretor cultural da agremiação, João Félix, crê numa disputa acirrada.
– Esperamos receber em torno de 30 composições, pois deve vir gente não apenas de Cabo Frio, mas também de outras cidades, como Araruama e até mesmo do Rio – explicou.
Enquanto o hino da azul, dourado e branco da Passagem não é escolhido, os demais segmentos da escola se movimentam. Os figurinos que vestirão os componentes já estão em discussão e os seus protótipos serão apresentados em dezembro.
Com o enredo, a escola contará a história da cidade, que completará 400 anos de fundação em novembro do ano que vem, fato que coincide com a própria origem do bairro, considerado o primeiro núcleo urbano da região, que até então servia de mero rota de contrabando de pau-brasil. A influência do lugar para a formação do samba na cidade também será lembrada no desfile.
Depois de mais de três anos de um arrastado imbróglio jurídico, uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro declarou a Flor da Passagem a campeã de 2011 do carnaval de Cabo Frio.
A polêmica começou depois que a segunda colocada no julgamento, a Em Cima da Hora entrou com um requerimento junto à Liga das Escolas de Samba, alegando que o carnavalesco da escola da Passagem, Róbson Goulart, teria ligações com membros da coordenação de Carnaval da entidade e, portanto, a escola teria sido favorecida no julgamento.
A partir de então, o caso foi parar nos tribunais, aonde medidas liminares e cautelares chegaram a ser concedidas, sempre em favor da Flor. Com a vitória final, o diretor João Félix acredita que a justiça foi feita, mas avisa que a escola recorrerá para reaver as perdas durante o período que o título esteve ‘sub judice’.
– Não foi provado que a ligação que o nosso carnavalesco tinha com a comissão tenha interferido no resultado do carnaval. Portanto, vamos solicitar o ressarcimento de todos os prejuízos que a escola teve como não aparecer na capa do CD, na ordem do desfile, fora os danos morais, pois os componentes ficaram muito chateados, nem puderam comemorar – afirmou.
Procurada, a direção da Em Cima da Hora afirmou que ainda não foi notificada sobre a decisão e somente depois disso se pronunciará a respeito.
– Eu desconheço esse assunto. Não fui comunicado sobre nada. Não saiu nenhum comunicado. Se acontecer, a gente vai reunir o nosso departamento jurídico e definir o que vai fazer – disse João Gomes, marido da presidente Karla Padua e um dos responsáveis pela agremiação.
Tranquilo, o dirigente não demonstrou preocupação com o assunto e fez uma comparação com o futebol e a eterna discussão sobre a Copa União de 1987.
– A Passagem correu atrás, mas gente não tá preocupado com isso não. Nós fomos eleitos como a melhor escola pela Liga e isso ninguém vai nos tirar. Isso é o de menos. É igual aquela polêmica entre o Flamengo e o Sport. Passagem é o Sport e nós, o Flamengo, os campeões morais. Em 2011, sempre terão dois campeões – relativizou.