O tom, durante a entrevista concedida depois de muito tempo de silêncio para a Folha, era de confiança, apesar da preocupação. “Eu acho que em 90 dias, com as medidas que eu estou tomando”.
Essa foi a otimista resposta do prefeito de Cabo Frio, Alair Corrêa (PP), quando perguntado pelo editor-executivo da Folha, Rodrigo Cabral, há dois meses e meio, em quanto tempo a cidade poderia ‘respirar’ em função da crise dos royalties.
No entanto, desde então, diferentemente do que havia planejado, o prefeito está mais próximo das polêmicas e obstáculos do que propriamente da solução os problemas cabofrienses. Pressionado em função da reforma administrativa que culminou com medidas impopulares, como a demissão de 4.000 servidores e o reajuste do Cartão Dignidade, Alair acenou com uma mudança rápida no panorama, mas não contava com a persistência da crise internacional dos derivados de óleo, que deve persistir até o ano que vem.
Em função disso, investimentos e gastos foram revistos e mesmo as festividades pelos 400 anos de fundação da cidade estão momentaneamente comprometidas, embora não paralisadas. Ainda assim, o período esteve longe de ser um marasmo, muito em função das dificuldades no setor de Saúde. Em 12 de maio, em medida surpreendente, Alair autonomeou-se titular da pasta, ainda que oficialmente o médico Carlos Ernesto Dornellas ainda responda pela secretaria. Uma comissão para investigar as irregularidades no setor foi montada e, de acordo com outra promessa, os resultados também poderão ser vistos na metade de julho. Mas as maiores dores de cabeça nesse período foram com as finanças. Após uma desgastante negociação com o funcionalismo, com direito à reunião em frente à Prefeitura em 28 de maio, um acordo foi selado na última semana e os servidores receberão um reajuste de 8,13%.
Acordo que teve que descumprir com a Ampla e resultou no apagão de 28 unidades municipais em 18 de junho, por falta de pagamento. A alegação: prioridade para o salários dos funcionários. Da mesma internet que veio a justificativa, nova polêmica: a proibição de que os secretários participem de grupos particulares de WhatsApp, fato que teve repercussão nacional.
Na última semana, contudo, a constatação de que a situação é mais complicada do que poderia supor: culpou a crise pela dificuldade de manutenção do Forte São Mateus e outros pontos turísticos da cidade.