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DIÁLOGO

Felipe Fernandes: "O caminho é aumentar o isolamento social e a quantidade de leitos disponíveis"

Futuro secretário de Saúde de Cabo Frio fala do desafio de assumir a pasta em meio à pandemia e durante a alta temporada

29 dezembro 2020 - 17h05Por Rodrigo Branco

Aos 26 anos, Felipe Fernandes é um dos quadros mais jovens da equipe que o futuro prefeito de Cabo Frio, José Bonifácio (PDT), montou para o desafio de gerir a cidade em tempos de pandemia de Covid-19.

Psicólogo formado pela UFF e mestrando em Psicologia pela mesma instituição de ensino superior, Felipe sabe do tamanho da responsabilidade que o aguarda a partir de 1º de janeiro: uma cidade lotada, com oferta restrita de leitos e funcionalismo insatisfeito pelos atrasos salariais e pela falta de condições adequadas de trabalho.
Nessa entrevista à Folha, Felipe abre o jogo sobre os planos para enfrentar os problemas imediatos e atender uma promessa de campanha de Zé, que é botar pra trabalhar 20 novas equipes de Saúde da Família já na primeira semana.

– É preciso avançar em diversos pontos, desde a baixa a até a alta complexidade, mas identificamos a atenção primária como um dos principais problemas, porque ela afeta toda a rede.

Folha dos Lagos – A pouco mais de uma semana para assumir a pasta da Saúde, como está o processo de transição? O que já detectou de errado e que será mudado imediatamente?

Felipe Fernandes – O processo de transição está acontecendo. Tive poucos dias desde a indicação do Bonifácio até hoje, mas, desde então, estamos trabalhando incansavelmente para fazer um diagnóstico situacional da saúde do nosso município, e planejar as ações necessárias para ofertar uma melhor saúde pública para a população. É preciso avançar em diversos pontos, desde a baixa a até a alta complexidade, mas identificamos a atenção primária como um dos principais problemas, porque ela afeta toda a rede.

Folha – O setor já é difícil na alta temporada e, este ano, em plena pandemia, piorou a situação. Quais as medidas emergenciais que serão tomadas na sua gestão para amenizar a pressão na rede?

Felipe – Estamos focados em realizar três ações essenciais para o combate à pandemia: distanciamento social, a testagem da população e aumentar o número de leitos disponíveis. Assim conseguiremos assistir as pessoas que contraírem o vírus, bem como atuar na prevenção de novos casos. Precisaremos aumentar a quantidade de leitos disponíveis, testar em massa a população, higienizar os espaços de maior circulação e prestar atendimento a todos que necessitem.

Folha – Esta será sua primeira experiência numa secretaria. Como avalia essa estreia? Como está sendo a montagem da equipe? Vai aproveitar quadros atuais?

Felipe – Esperamos que a minha estreia seja a melhor possível. A situação não será fácil, mas com muito trabalho atingiremos o objetivo de dar uma qualidade de vida melhor ao cidadão cabo-friense.

Folha – Você divulgou que esteve em Niterói para conhecer a rede municipal daquele município. O que tem lá que pode ser copiado?

Felipe – Niterói tem sido uma cidade exemplo no combate ao novo coronavírus, por isso fui até o secretário de lá para conversar e aprender com quem passou de forma efetiva pela primeira grande onda de contaminação. Iremos tentar trazer para cá o que chamamos de rastreamento dos casos positivados. Ao testarmos a população, iremos cadastrar as pessoas positivadas e assim conseguiremos monitorar por telefone como está o andamento dos sintomas e do isolamento social dos que foram contaminados.

Folha – Estamos num momento de aumento de casos da Covid-19. Acha o número de leitos suficientes? Qual o plano para aumentar a oferta?

Felipe – A questão da suficiência, ou não, dos leitos, sempre depende de como a população e o poder público lidam com a pandemia. Quanto menos realizarmos o isolamento social, mais contaminações acontecerão e de mais leitos iremos precisar. O caminho é aumentar o isolamento social e buscar formas de aumentar a quantidade de leitos disponíveis para que nenhuma pessoa seja desassistida.

Folha – Estamos vendo os municípios vizinhos se mobilizando para a compra da vacina, mas até agora Cabo Frio não se manifestou. Pretendem fazer acordo com algum laboratório ou instituição? Já tem alguma conversa em andamento?

Felipe – Sobre a vacina, nós estamos conversando e estudando sobre esta possibilidade de realizarmos o mesmo movimento que as cidades vizinhas estão realizando. Ainda não posso afirmar nada. Estamos estudando todas as possibilidades.

Folha – Bonifácio anunciou que logo na primeira semana de governo vai colocar mais 20 equipes de Saúde da família para trabalhar. Isso vai se concretizar? Como isso está sendo viabilizado?

Felipe – Estamos fazendo um diagnóstico de cada Estratégia da Saúde da Família para observarmos qual a necessidade de pessoal e de estrutura para o pleno funcionamento das equipes já existentes. Estamos trabalhando para colocarmos 20 equipes em pleno funcionamento em nosso início de governo.

Folha – Qual as suas metas para o primeiro ano de gestão?

Felipe – Ainda não delineamos as metas com o prazo de um ano de gestão. Estamos focados em resolver os problemas imediatos, que são muitos.

Folha – Os servidores da Saúde estão no limite por causa dos atrasos salariais e da pressão em função da pandemia. O que vai fazer de diferente para pagar os salários em dia?

Felipe – A prioridade do governo será o pagamento do servidor. Ele é a base de todo o funcionamento público. Para isso iremos tentar realizar uma gestão técnica, com o objetivo de utilizar da melhor forma os recursos públicos, dando prioridade sempre ao servidor.