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famílias virtuais

FAMÍLIAS VIRTUAIS

Modernidade quebra a distância pelos grupos de WhatsApp

12 setembro 2015 - 17h04
FAMÍLIAS VIRTUAIS

FERNANDA CARRIÇO

O dia estava lindo e Niterói radiante. Àquela altura, em 1993, a cidade ostentava com orgulho o título de uma das melhores do país. Havia seguran ça e eu, uma jovem interiorana, vivia feliz entre Icaraí (onde morava) e São Gonçalo (onde estudava) não fosse a falta que sentia da família e dos amigos, distantes demais por estarem em Arraial e Cabo Frio. Na época em que a comunicação era escassa e cara, cheguei em casa e havia um telegrama à minha espera. Além das corriqueiras cartas que recebia e enviava, volta e meia um telegrama urgente surgia e, naquele, mamãe escrevia: "me ligue na casa da vizinha por volta das 20H:00”.

Com hora marcada, conseguiria, enfim, ter notícias da famí- lia. Era assim que funcionava. Corta para agosto de 2015 – 21 anos depois. Recebo nos estúdios da Rádio Cabo Frio AM, para o Folha ao Vivo, o jovem bailarino David Mota. Ele estudou 13 anos na Rússia e foi contratado para ser parte integrante de um dos maiores corpos de balé do mundo – para onde voltou ontem como o pri- meiro brasileiro que se formou e foi contratado pelo Bolshói. Na ocasião do programa de rádio, ao ser questionado sobre a distância e saudade da família, David respondeu:

– Hoje tem o WhatsApp que mudou tudo.

E como mudou, David. Encurtou distâncias, diminuiu saudades, fez com que grupos familiares um acrescentassem um novo significado ao conceito de família: o de famílias virtuais. Como bem define a mineira que escolheu Cabo Frio para viver, “dá uma falsa sensação de colo quando a gente está distante”. Li Dias, empresária, é uma das integrantes do grupo “Família Amaral” e conta que eles se falam todos os dias, trocam mensagem de voz, e ficam mais próximos, apesar da distância que separa Belo Horizonte daqui. Mas ela ressalta que há que se ter muito cuidado na comunicação virtual.

– Acho que quando escrevemos fica mais difícil de ser compreendidos! Vírgulas colocadas de forma errada já viram uma distorção. Foi um caso da minha ida para lá que tive que desmarcar. Ai alguém falou que a famí- lia não era importante para mim! Como estava em um dia ruim, fiquei possessa. Uma brincadeira soou mal aos meus ouvidos, não é o mesmo que falar olho no olho, mas é ótimo porque temos a falsa sensação de colo familiar – declara Li.

*Confira matéria completa na edição impressa deste fim de semana da folha.