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Entrevista: Luane Ferreira, superintendente de turismo de Cabo Frio

Após trabalho nas Olimpíadas, ela reforça necessidade de desenvolver novos segmentos

28 agosto 2016 - 08h47
Entrevista: Luane Ferreira, superintendente de turismo de Cabo Frio

Com um sorriso no canto da boca, Luane Ferreira não conseguia disfarçar a sensação de dever cumprido – a turismóloga esteve à frente da divulgação de Cabo Frio nas Olimpíadas. Em entrevista à Folha, Luane reforçou a importância de a cidade investir em áreas como ecoturismo e cultura. Segundo ela, o principal legado desta gestão é um planejamento a ser aprovado pela Câmara Municipal. O primeiro encontro do projeto Cidade Viva, na próxima quarta-feira, vai discutir o turismo.

Folha dos Lagos – Quando começou a trabalhar com turismo?

Luane Ferreira – Sou formada desde 2004 e concursada da Prefeitura. A partir de 2004, pedi transferência para a Secretaria de Turismo. Desde lá estou trabalhando na pasta. Estou finalizando agora gestão pública. Tem sido um desafio. Muitas pessoas pensam que o Turismo é feito só com Poder Público e não é. O turismo é uma atividade tripartite, uma atividade que envolve governo com suas atribui- ções, inciativa privada com suas atribuições e a sociedade civil que também tem suas responsabilidades dentro desse sistema. Não se desenvolve turismo sem ter esse tripé conversando. 

Folha – O que aprendeu no período de dificuldades econômicas?

Luane – As pessoas começaram a perceber e valorizar o Turismo como uma atividade econômica. Muitas vezes, era uma atividade de trampolim político. A secretaria poderia dar algum tipo de visibilidade política para alguém. Sempre imaginei a atividade turística como uma fonte de receita. O Turismo é uma atividade capaz de trazer sustentabilidade econônimca. Temos potencial de segmentos que podem ser desnvolvidos além do que já temos: o segmento de sol e mar: a praia.

Folha – Quais seriam os segmentos?

Luane – O cultural, o ecoturismo e o próprio turismo corporativo. Nós temos uma oferta muito grande de hotéis, que já atendem um público corporativo, que podem provocar a vinda de pessoas para fóruns e congressos. Assim, se diminui a sazonalidade provocada pelo segmento de sol e mar. A gente tem uma orla muito bonita, com um acesso muito fácil do maior centro emissor que é o Rio de Janeiro. Não conseguiremos diminuir esse fluxo na alta temporada. Temos que procurar o ordenamento. Paralelo a isso, buscar outras vias na baixa temporada para aumentar o fluxo de pessoas.

Folha – Quais foram as medidas para sair da dependência?

Luane – É um trabalho que não é fácil nem rápido: mudar o perfil do turista. É preciso botar produtos na prateleira. O que significa isso? Formatar produtos. O produto cultural já formatamos. O ecoturismo também. Nós estamos colocando na prateleira de mercados emissores: operadoras, agências de viagens... mercados viáveis para trazer retorno vendendo o produto Cabo Frio nesses locais.

Folha – Haverá mudança de perfil nessa alta temporada?

Luane – Acredito que sim. Os próprios empresários começaram a mudar o comportamento e a divulgar o produto em mercados emissores. Cabo Frio espera muito o turista chegar. O cliente não está aqui. Temos que buscar. O turismo tem que entender isso. Se nós buscarmos, vamos saber quem vem.

Folha – Quem fomos buscar?

Luane – Temos trabalhado com o mercado do interior de São Paulo. Também temos trabalhado com Brasília e o Sul. O carioca vem naturalmente. Não é preciso de trabalho nenhum para que ele venha.

Folha – Há um potencial turístico não lapidado?

Luane – Há o turismo náutico. Precisamos de investimento no setor para ter uma márina pública ou particular. Esse mercado pode atrair um segmento muito interessante. Há potencial natural para isso.

Folha – Qual o legado da equipe do Turismo para a próxima administração?

Luane – Procuramos trabalhar muito com os marcos legais do Turismo. Criar uma legisla- ção para nortear a atividade turística, independente de quem assumirá a pasta. Vamos deixar um planejamento para a Câmara aprovar... Um planejamento estratégico.

Folha – E a questão das casas da Vila Nova?

Luane – É um trabalho difícil, porque envolve pessoas que dependem financeiramente disso. Há um impacto muito grande. Devemos fazer com que elas entendam que isso é um benefício. O projeto vê a questão da capacidade de carga dos estabelecimentos. Hoje, nós consideramos que eles são realmente uma concorrência desleal com os hotéis. Mas a cidade recebe um milhão de pessoas e tem oito mil hotéis. Há uma lacuna muito grande. Onde essas outras pessoas ficam? Elas ficam em casas de aluguel. Essa lacuna precisa ser regularizada.

Folha – Qual o legado do trabalho nas Olimpíadas?

Luane – Nós conseguimos fazer um trabalho bastante específico com jornalistas, que têm um papel muito importante em relação à opinião das pessoas e que conseguem traduzir aquilo em matéria. Nós fizemos isso junto com a Secretaria Estadual de Turismo e o Centro de Mídia Rio, que era o centro de operação da imprensa das Olimpíadas. Conseguimos fazer um apanhado dos jornalistas que nos interessavam e que tinham um perfil de divulgação. Ttrabalhamos 17 dias no Rio de Janeiro e os trouxemos ao município para escrever com muito mais propriedade. Nós trouxemos aqui, logo no início, cinco jornalistas com pautas garantidas em grandes jornais de São Paulo, Brasília...Tinha uma correspondente de Nova Iorque. Os jornalistas puderam trazer algum retorno de mídia para Cabo Frio. Além disso, participamos de um edital do Ministerio do Turismo, concorremos com vários outros municipios e fomos o único município da Região Sudeste a ter um Press Trip bancado pelo Ministério do Turismo.