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Em Cabo Frio, pesquisa aponta que 82% da população quer reabertura do comércio

Historiador vai ao MP, Defensoria e OAB contra pedido de entidades "sem estudo científico"; empresários divulgam manifestação nas redes sociais

22 maio 2020 - 20h13Por Rodrigo Branco e Rodrigo Cabral

Uma pesquisa apontou que 82,7% dos cabofrienses apoiam a reabertura parcial ou total do comércio no município. A sondagem foi feita pelo Instituto Iguapé nos últimos dias 8 e 9 de maio, com 820 pessoas de diversos bairros da cidade, no primeiro e segundo distritos. De acordo com o levantamento, 45,9% dos entrevistados defendem a reabertura parcial dos estabelecimentos e 36,8% o funcionamento total, sem restrições. Outros 16% são contrários à reabertura e 1,3% das pessoas não sabem ou não opinaram.

No momento, um decreto do prefeito Adriano Moreno (DEM) mantém abertos somente os estabelecimentos considerados essenciais, como supermercados, farmácias, padarias e hortifrutis, entre outros. Recentemente, Adriano liberou outros segmentos para trabalhar como os de construção civil, lojas de material de construção, borracharia e oficinas mecânicas, mas garantiu que não haveria novas permissões até o próximo dia 31, quando vencem as medidas de restrição. Contudo, a pressão para que haja liberação de outros setores é cada vez maior. 

Questionada sobre o resultado da pesquisa, a presidente da Associação Comercial e Industrial (Acia), Patrícia Cardinot, afirmou que reflete o desejo da maioria do empresariado cabofriense.

– Precisamos da flexibilização [do funcionamento do comércio] de forma urgente, porque todo mundo já está num caos total. A situação está muito crítica. Tem muito a ser feito ainda. Esse vírus não vai cessar assim. Mas a gente precisa voltar. Todo mundo vai ter cuidado total, vamos ter total atenção quanto ao uso de máscara, de álcool gel e de todo trâmite necessário, mas precisamos que, inclusive, o Ministério Público entenda que daqui a pouco, se demorarmos a voltar, vamos começar a ter sérios problemas com a segurança pública da cidade de Cabo Frio e de Tamoios – argumenta a empresária, que também é presidente do Conselho Comunitário de Segurança.

Empresário do ramo imobiliário, assim como Patrícia, Jefferson Buitrago demonstra preocupação com a situação econômica, mas prega cautela.

– Eu também sou a favor da abertura do comércio. Eu também preciso que o comércio abra, mas, nesse momento, é uma decisão sensata [manter o comércio fechado]. Nós temos uma rede hospitalar em Cabo Frio que comporte uma explosão de casos na cidade? Por que é o que vai acontecer. Em todos os lugares que abriram isso aconteceu, aqui certamente não será diferente – alertou.

Protesto – Uma manifestação está sendo convocada para terça-feira, às 9h, em frente à prefeitura. Ela é organizada por integrantes dos movimentos ‘Luto no comércio de Cabo Frio’ e ‘SOS Hotéis de Cabo’. Segundo Wagner Lucas, um dos representantes do grupo, o protesto reunirá de 100 a 200 pessoas. O distanciamento, ele afirma, será garantido por sinalização com adesivos colados ao chão. 

– Estamos pleiteando a reabertura do comércio de maneira gradual e coerente. Queremos que todos façam a sua parte, indo de máscara e álcool gel. Também vamos distribuir álcool gel. Queremos a liberação do drive thru e do take away, com a retirada do produto em loja. E, a partir de primeiro de junho, a reabertura do comércio de maneira gradual. Cada um de uma vez, com horários reduzidos. E também queremos a atenção do poder público em relação a descontos em encargos, como IPTU, alvará e ISS –  disse Wagner Lucas. 

Em Cabo Frio, o Ministério Público recomendou à prefeitura e ao 25º BPM a proibição de carreatas a favor da reabertura do comércio. No documento, o MP apontou que poderia haver aglomeração de pessoas durante as manifestações, o que é considerado impróprio pelas autoridades médicas e sanitárias em razão da propagação do novo coronavírus (Covid-19).

Esta semana, diversas entidades – como a Acia e a 20ª Subseção da OAB –  se uniram para pedir a reabertura gradual do comércio, posicionando-se contra um possível lockdown. O historiador Luiz Guilherme Scaldaferri questionou a solicitação em representações feitas ao Ministério Público, Defensoria Publica, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ouvidoria da OAB/RJ. Scaldaferri afirma que não há embasamento científico para que as entidades façam tal solicitação. Ele também manifestou estranheza a respeito da participação da OAB no grupo. 

– A OAB, em termos nacionais, sempre teve um ativismo em relação aos direitos humanos,  o que parece estar sendo esquecido ou, o que é pior, desconhecido por parte da subseção de Cabo Frio.
De outro lado o presidente da 20ª Subseção da OAB/RJ Cabo Frio e Arraial opinou que “o município já teve  o tempo necessário para se estruturar”.