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Em Cabo Frio, ocupação acaba; protesto, não

Servidores desocupam Fazenda, mas decidem continuar a greve pelo atraso no pagame

24 junho 2016 - 08h59
Em Cabo Frio, ocupação acaba; protesto, não

O protesto durava 48 horas na manhã de ontem, quando um oficial de justiça trouxe liminar ordenando que os manifestantes desocupassem a Secretaria de Fazenda. Os servidores obedeceram, mas não deixaram de alfinetar o prefeito Alair Corrêa (PP): “nós, diferente dele, respeitamos a lei”, afirmou Gelcimar Almeida, o Mazinho, presidente do SindSaúde.
Mas os servidores da Educação, da Saúde voltam a protestar nesta manhã. Eles farão manifestação na frente do Hospital Central de Emergência (HCE), às 9h. A categoria decidiu em assembleia que a greve continua.
Os trabalhos foram retomados na Secretaria na manhã de ontem e os manifestantes nem chegaram a entrar no prédio. A Guarda Municipal tentou impedir a Folha de tirar fotos na sede e a superintendência teve que ser chamada para dar autorização.
– Iremos reunir a categoria para definir os próximos passos. Para o trabalhador, a lei ainda está funcionando. Aliás, ela está funcionando contra o trabalhador. A Justiça notifica o prefeito para pagar até o quinto dia útil, mas ele não respeita essa decisão. Nós, ao contrário, respeitamos as leis – dispara Mazinho.
O presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cabo Frio (SINDICAF), Olney Vianna, também aproveitou para debochar do prefeito.
– Ordem judicial a gente cumpre. Não somos que nem o prefeito. Provavelmente faremos a assembleia aqui pela rua mesmo, mas nada de ocupar prédio público – comenta.
A manifestação foi motivada por uma declaração do prefeito em que afirmava que o pagamento sairia primeiro para os não grevistas. Os servidores, de maneira geral, ocuparam a secretaria. A Prefeitura, no entanto, conseguiu uma liminar para afastar os manifestantes da Educação do prédio. Os integrantes da SindiSaúde e do SindiCaf permaneceram na sede até a manhã de ontem.
O prefeito publicou na noite de quarta-feira uma note em que chamava os grevistas da Educação de “preguiçosos sindicalistas”. No comunicado, Alair comemorava a liminar que expulsava os manifestantes da secretaria e lamentava o tratamento dado ao seu irmão, que é secretário de Fazenda, Axiles Corrêa.
Problemas do atraso – Enquanto desocupavam o prédio, os servidores lamentavam os problemas acarretados pela falta de pagamento. O atraso nas contas era a principal reclamação entre eles: “é necessário escolher entre pagar a conta de luz ou a de água”, disse uma funcionária que não quis se identificar.
O servidor Onésio Rodrigues, 65, por exemplo, precisou pedir dinheiro emprestado.
– Estou com minhas contas todas atrasadas. Luz ainda não foi paga. Eles podem cortar minha água também, aliás, não sei porque isso ainda não aconteceu. Estou com o IPTU atrasado também. Nessa situação, fui obrigado a pedir dinheiro emprestado para esse amigo que está aqui ao meu lado (e o amigo confirmou) – revelou, bem preocupado.
O técnico de enfermagem Paulo César Sobral confessou estar todo endividado.
– Quase todas as contas não foram pagas. Afinal, estou a quase dois meses sem pagamento. Quando o salário é depositado, estamos automaticamente pagando os cartões de crédito. Não sobra nada. Além de ter que pagar luz, água, telefone e outras contas do cotidiano – finaliza.