Como tantas outras neste início deste ano, a situação de algumas prefeituras da região com relação às dívidas que possuem junto ao aterro sanitário de Dois Arcos, em São Pedro da Aldeia, é uma autêntica bomba-relógio. O diretor do aterro, André Martins, disse ontem que o débito dos inadimplentes deve ser pago, ou ao menos escalonado, até o fim de março sob pena de não aceitar mais o lixo produzido nesses municípios, inclusive o de Cabo Frio.
Segundo Martins, apenas Iguaba Grande está em dia com os pagamentos. No caso de Cabo Frio, apesar de ressaltar que existe diálogo para resolver a situação, o diretor disse que ainda não há um acordo formal e que, até o momento, a nova gestão pagou apenas pelos serviços prestados este ano. A dívida referente a 2016 segue em aberto. Entre as demais cidades cobertas por Dois Arcos, Arraial, Búzios e São Pedro são as mais avançadas no que diz respeito à negociação das dívidas, enquanto Araruama, Silva Jardim e Casimiro de Abreu são situações consideradas ‘mais difíceis’.
– Vale frisar que todos os municípios já reconheceram suas dívidas, que são líquidas e certas – enfatiza Martins, que não quis informar quais os valores dos débitos.
A suspensão dos serviços de aterramento sanitário representaria um duro golpe para o meio ambiente da região, uma vez que significaria a volta dos lixões, ilegais desde agosto de 2014, conforme determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, implantada quatro anos antes. De acordo com André Martins, o despejo irregular de resíduos na natureza traz consequências dramáticas.
– O chorume produzido, quando não há nenhum sistema de drenagem, é naturalmente escoado para o solo contaminando diretamente o lençol freático e todo o corpo hídrico que está próximo. Isso é só um exemplo, mas tem vários problemas, como a presença de vetores (ratos e insetos) e a geração de biogás, que é 25 vezes mais tóxico que o gás carbônico – enumera.