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Diretora diz que houve duas mortes de nascituros na nova gestão

No entanto, nova equipe evita relacionar redução de óbitos com saída de antecessores

16 maio 2019 - 08h39
Diretora diz que houve duas mortes de nascituros na nova gestão

Durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal que investiga a morte de nascituros no Hospital da Mulher, ontem, a diretora geral da unidade, Tânia Lydia Matosinhos informou aos vereadores que houve duas mortes na sua gestão, ambas neste mês. 
No entanto, a médica e as demais integrantes da atual equipe evitaram relacionar a redução na mortalidade dentro do hospital com a saída dos antecessores, Paul Dreyer e Lívia Natividade, quando ocorreram 17, sendo dez apenas em janeiro. 

O depoimento do secretário de Saúde, Márcio Mureb, também estava marcado para ontem mas, por causa de um outro compromisso, foi adiado para a próxima segunda-feira. Sendo assim, os holofotes ficaram sobre Tânia Lydia e as diretoras técnica Cristina do Vale Faria e administrativa Simone Sant’Anna, que responderam por mais de uma hora e meia sobre o protocolo de atendimento e questões a respeito do funcionamento do hospital.

Escolhendo bem as palavras, as diretoras trataram de falar das mudanças que já foram implantadas pela nova gestão, mas sem criticar o trabalho feito por Paul e Lívia. Questionada pelo presidente da CPI, Ricardo Martins (SD), sobre o prazo de 42 semanas para a realização do parto, Tânia Lydia disse que as gestantes já possuíam complicações prévias.

– Só houve um óbito de 42 semanas de gestação, mesmo assim de uma paciente de Arraial do Cabo que já tinha complicações. As demais foram por sepse (infecção generalizada), má formação congênita, anencefalia, sífilis e infecções graves – disse a diretora geral.

Sem criticar os antecessores, a diretora técnica Cristina do Vale deixou claro que em pouco mais de um mês já foram feitas várias mudanças no funcionamento do hospita, inclusive no protocolo de atendimento.

Outras alteração estão em curso ou ainda seão implantadas, segundo as gestores, tais como informatização de procedimentos administrativos, necessidade que já foi informada à Secretaria de Saúde, e a capacitação de doulas, que está prevista para acontecer no segundo semestre.

– O que a gente fez foram medidas gerais, nada que tecnicamente fizesse diminuir o número de mortes. Não sei se foi má sorte da antiga gestão. Mas o que fizemos foi estreitar a relação com os ESF’s (estratégias de saúde da família); trabalho de humanização com todas as equipes; implantamos a ouvidoria. Mas essas medidas não acarretam diretamente na diminuição das mortes. Seria injusto falarmos que sim – disse Cristina, rebatendo questionamentos de que a mudança de direção reduziu o número de mortes de nascituros na unidade.

O relator Vaguinho lembrou, em determinado momento, que existe legislação municipal que obriga o hospital a liberar os formulários, no que foi rebatido pelas diretoras que informaram-lhe que “nenhum hospital fornece” o documento na saída.

– Existe um prazo de até cinco dias. Tem que ser feita a solicitação. A pessoa sai com um protocolo e tem cinco dias para retornar e pagar (o formulário) – disse a diretora administrativa Simone Sant’Anna.

Apesar das discordâncias, o relator Vaguinho disse que gostou do que ouviu das diretoras e promete entregar o relatório em breve. No entanto, apesar da ‘proteção’ feita pela nova gestão, o vereador do PPS diz ver possível relação na queda do número de mortes com a troca da administração.

– Achei que bastante satisfatório. Elas responderam tudo o que lhes foi perguntado e responderam bem. Acredito que ouvindo o Márcio Mureb vai faltar muito pouco para finalizar o relatório. Mas diferente delas, eu entendo que, se tem uma gestão que tem 16 óbitos e, troca a direção, e abaixa para um óbito, é um problema de gestão. Mas tudo isso vai ser colocado no relatório. Ele atrasou um pouco porque precisa que o Marcio Mureb preste depoimento  antes da conclusão – disse Vaguinho.

Na reunião, que foi aberta ao público, integrantes de uma comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fizeram perguntas e questionamentos para a equipe diretiva.