A direção da clínica Medscan, especializada em exames laboratoriais e de imagem, vai entrar nesta semana com uma denúncia formal no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) contra a Prefeitura de Cabo Frio. A acusação é de que o poder público municipal direciona os exames e procedimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) para apenas uma clínica. De acordo com o diretor da Medscan, Érick Malheiro, a situação resulta em uma fila de espera de mais de 100 pessoas para exames de ressonância magnética e tomografia computadorizada na cidade.
– Isso é um absurdo com a população que é mais carente e precisa fazer esses exames. O que essa clínica está fazendo para ter a exclusividade no encaminhamento desses pacientes? Se existem duas clínicas credenciadas, por que apenas essa clínica é favorecida? Parece que há uma promiscuidade entre os setores público e privado de Saúde na cidade – disse Malheiro, que chegou a soltar uma nota pública para contestar a gestão municipal da área.
Segundo o empresário, a Medscan é credenciada pelo SUS há quase um ano (desde 19 de janeiro de 2018, ainda na gestão Marquinho Mendes) e, durante esse período, não foram encaminhados pacientes para a realização de procedimentos, nem explicada a razão para que isso ocorresse. Dentre os outros questionamentos, a Medscan pede transparência da prefeitura e da Secretaria de Saúde quanto às informações do número de pessoas que
aguardam na fila por um exame.
– Cabo Frio tem vivido uma situação muito delicada há anos. São Pedro da Aldeia cresce e Cabo Frio parado por causa dessas brigas políticas. Espero
que o prefeito Adriano cumpra sua grande promessa de campanha, que é acabar com isso, mas ele está omisso – disparou Malheiro, afirmando que o problema ocorre desde a gestão do ex-prefeito Alair Corrêa.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Cabo Frio informou que atualmente duas clínicas são credenciadas junto ao SUS para realização de exames ambulatoriais e de emergência de ressonância magnética e de tomografia computadorizada. Contudo, somente uma delas se colocou disponível para realizar os procedimentos de emergência. Além disso, há uma fila de espera devido aos protocolos para autorização destes exames,
que foram criados de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde.
Contudo, a justificativa não convenceu o empresário, que disse que a Medscan “nunca foi convidada ou convocada para prestar serviços de urgência
em ressonância magnética” e que, portanto, “a informação de que apenas um prestador se dispôs a realizar estes procedimentos é inverídica”.
Érick Malheiro finalizou dizendo que “os serviços de emergência de raio X, mamografia e tomografia somente são realizados dentro da própria rede de
saúde municipal, onde o outro prestador (com exclusividade e sem licitação) possui diversos equipamentos próprios instalados”.
Foto: RC24h