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depressão

Depressão é grito sufocado de socorro, afirmam especialistas

Morte de jovem estimula debate sobre assunto cercado de preconceito

21 junho 2016 - 10h36Por Rodrigo Branco

A morte da jornalista Priscila Teixeira, de 25 anos, que deu fim à própria vida no último fim de semana, não apenas causou muita comoção em Cabo Frio como gerou debate em torno das razões que a levaram a tal ato, já que ela era muito querida pelas pessoas que lhe eram próximas. Priscila sofria de depressão, mal ainda visto pela sociedade com uma grande carga de preconceito e, sobretudo, desconhecimento. Todavia, segundo dados de 2015 da Organização Mundial de Saúde, a silenciosa enfermidade, que muitas vezes só dá sinais em estágio avançado, acomete 121 milhões de pessoas, dez milhões só no Brasil.

O dado mais alarmante é que, por diferentes razões, apenas em 30% dos casos os pacientes recebem um tratamento adequado o que pode levar a trágicas consequências. De acordo com a OMS, de cada 100 pessoas com depressão, 15 cometem suicídio. No ambiente corporativo, a doença ocupa o segundo lugar dentre as que causam incapacidade no trabalho, e a projeção é que nos próximos quatro anos, ele assuma a liderança da lista.

De acordo com o psicólogo Pedro Rodrigues, a depressão se caracteriza por um sentimento de tristeza profunda e de angústia, na qual os pacientes não veem saída para seus conflitos, mesmo com ajuda e se sentem um peso para família. Para ele, casos mais crônicos e sucessivos episódios de frustrações, sejam no campo profissional ou no afetivo, podem desencadear um processo mais profundo, levando assim a um fim drástico. É o que o especialista chama de ‘desconexão da vida’.

– Se a pessoa se sentir desconectada de certas coisas da vida pode chegar ao suicídio. A gente quer ser feliz e realizado, mas quer se sentir no direito de ter conquistado isso – formula.

Ainda de acordo com o psicólogo, as causas para a doença não são apenas genéticas ou adquiridas e precisam ser avaliadas individualmente. Segundo ele, pessoas deprimidas não estão distorcendo a realidade, nem ‘brincando de ficar tristes’, mas que entendem que determinado problema ficou fora de controle mesmo depois de tentar tentado resolvê-lo. Nos casos mais extremos, em que a vontade de tirar a própria vida é manifestada pela pessoa, ela deve ser monitorada 24 horas por dia.

– Objetos cortantes, perfurantes e remédios devem ser tirados de perto até segunda avaliação. Outra análise a ser feita por alguém íntimo é se a pessoa está com conceitos muito rígidos como “a vida é injusta” e “não há nada a ser feito” – afirma.

Já na opinião da psicóloga Lu Morales, a depressão faz parte da lista de uma série de doenças da sociedade moderna que, segundo ele, são típicas do tempo em que as pessoas ‘tem que ser felizes’.

– É uma doença psicossocial. Vivemos um momento gerador de depressão. É uma doença da alma que tem a ver com a contingência social. A síndrome do pânico, a pressão alta e a depressão são consequências de uma forma de vida em que a pessoa é pressionada a ser feliz, bem sucedida, ter um corpo bonito e namorar. É tanta obrigação que a felicidade passou a ser imperativo. Se você não é feliz, é deprimido – avalia.

EM NÚMEROS a relação entre a depressão e o suicídio

UMA MORTE a cada 40 segundos

SÓ 28 PAÍSES possuem planos
estratégicos de
prevenção aos casos

A ÍNDIA é o país no mundo com mais casos,
258 mil óbitos

NO BRASIL oitavo país no ranking
de mortes por suicídio

75% DOS CASOS acometem pessoas com
renda baixa ou média

FONTE: Relatório da OMS | Set/2014