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Demolição do Galpão de Sal surpreende e gera indignação em Cabo Frio

Derrubada foi consumada mesmo sem deliberação definitiva do Conselho de Patrimônio

27 julho 2021 - 21h30Por Redação

Depois de quatro anos de muitos debates e discussões, foi ao chão o que restava da estrutura do antigo Galpão de Sal da Passagem. Sem uma definição por parte do Conselho Municipal de Patrimônio quanto ao destino do imóvel, de propriedade privada, o que restava do conjunto arquitetônico que remete ao período salineiro na cidade acaba de ser demolido. O fato causou comoção entre defensores do patrimônio histórico nesta terça-feira (27).

A demolição da estrutura, cujo pedido consta no processo nº 17.298/2017, foi avaliada pelo prefeito José Bonifácio (PDT) no último dia 14 de julho.  Segundo a Prefeitura, houve apenas permissão para retirada de escombros que havia no local (veja no fim da matéria). No documento, a alegação é de que na área, que fica na Avenida Almirante Barroso, só restavam escombros, partes de paredes e de telhado de pé, “o que em nada contribuirá para a preservação do patrimônio histórico e cultural”, segundo o texto. 

Além disso, o prefeito argumentou que o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan) manifestou o ‘nada a opor’ quanto à demolição e ao estado do imóvel. Desta forma, mesmo sem decisão do Conselho, que tem caráter consultivo, a autorização para o imóvel fosse demolido foi dada.

“Percebe-se que o objeto principal do processo já se perdeu, sem que houvesse deliberação do CMUPAC e ação por parte de outro órgão ou entidade competente”, diz o documento.

Sem uma definição sobre a restauração ou demolição do galpão, a estrutura se deteriorou nos últimos anos, a ponto de haver uma demolição de parte da estrutura, em fevereiro do ano passado.  À época, a Defesa Civil descartou a possibilidade de derrubada proposital e a Polícia Civil chegou a abrir inquérito para investigar o caso. A Folha tenta contato com a autoridade policial para saber a conclusão do inquérito.

Agora com o galpão no chão, muitos temem que a área, que tem saída para o Canal do Itajuru, seja alvo da especulação imobiliária. Em suas redes sociais, o historiador João Christóvão, que defendia a preservação do conjunto lamentou a decisão de demolir o imóvel.

“A destruição de mais esse espaço é apenas o retrato tétrico de uma cidade que resiste apesar das sucessivas administrações e de uma elite econômica especulativa que suga seus parcos recursos em benefício próprio. A cidade resiste, mas fica cada vez mais feia na medida que espaços importantes para contar sua história vão sendo apagados e o acesso público a áreas privilegiadas seguem sendo privatizados”, escreveu Christóvão, que chegou a defender a preservação do imóvel em uma audiência pública realizada em fevereiro de 2019, na Câmara Municipal.

(*) Atualização feita às 23h: De acordo com a Prefeitura, a permissão não foi para demolição do imóvel e sim para retirada dos escombros e do restante da estrutura, decorrente da queda que ocorreu em fevereiro de 2020.

Lembre AQUI todo o imbróglio envolvendo o Galpão de Sal da Passagem.