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Demissões de auxiliares de classe prejudicam alunos com necessidades especiais

Mãe de aluno do Alfredo Castro faz apelo à secretaria de Educação: "Ele precisa de acompanhamento"

08 julho 2016 - 11h40Por Rodrigo Branco
Demissões de auxiliares de classe prejudicam alunos com necessidades especiais

O prefeito Alair Corrêa até tentou amenizar a situação afirmando que as demissões efetivadas nos últimos dias se tratam de apenas de ‘suspensões temporárias’, mas acabou desmentido pelo documento enviado pela Secretaria de Educação que cita ‘rescisão de contrato de trabalho’.

Embora os critérios para as exonerações não tenham sido, até agora, informados pela pasta, os efeitos delas já são sentidos por quem mais precisa, sobretudo os alunos com necessidades especiais que estudam na rede municipal.

Considerados fundamentais para a adaptação desse estudantes em ambiente escolar, os auxiliares de classe não foram poupados da tesoura amolada da Prefeitura. De acordo com dados do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe), foram demitidos profissionais de praticamente todas as escolas, incluindo a Cláudia Muzzio (Jardim Esperança); Maria Daria Saldanha (Jardim Esperança); Zélio Jotha (São Cristóvão); Catharina da Silveira (Monte Alegre) e Evaldo Salles (Peró), entre outras.

Ainda segundo o Sepe, somente na creche Vovó Olívia, no Jardim Esperança, 13 desses profissionais foram dispensados. Além disso, entre as 183 denúncias recebidas pelo sindicato e que serão protocoladas no Ministério Público, 60 são de auxiliares de classe, muitos deles diretamente envolvidos no trabalho com crianças e jovens que possuem necessidades especiais.

Um alívio duvidoso na folha de pagamento (os salários destes auxiliares são de R$800) que tem modificado a rotina de muitos estudantes de toda a cidade. E de seus pais.

A desempregada Marileide Ferreira da Silva, de 46 anos, está tendo que se desdobrar um pouco mais desde que a auxiliar que atuava diretamente com seu filho, João Pedro, de 15 anos, na escola Alfredo Castro, no Jardim Caiçara, foi demitida na última terça-feira.

Sofrendo de déficit de atenção, problemas de memória e concentração por conta de uma meningite contraída quando tinha quatro anos, o garoto tem sentido muita falta da ajuda da profissional. Não apenas para as obrigações escolares, como tarefas e provas, mas da segurança nas atitudes cotidianas, como o convívio com os colegas.

Sem a presença da auxiliar, João Pedro não quer mais frequentar o colégio e como não pode ficar sozinho em casa por sofrer crises agudas de ansiedade, tem exigido dedicação praticamente exclusiva de Marileide.

– Ela trabalhava há mais de três anos com ele, desde que foi para escola e a gente tinha uma relação muito boa. Ela esperava o transporte escolar com o João, porque ele não pode andar sozinho na rua. Ela me passava tudo o que acontecia pelo WhatsApp. Mais do que uma auxiliar, o João tinha uma amiga – lamenta.

O salário vai fazer falta a Cláudia Cordeiro, a ex-auxiliar do João Pedro. Sobre o futuro, ela prefere esperar pela promessa do prefeito e não brigar, apesar da revolta pela demissão por telefone.

– Eu sou peixe pequeno, quero voltar, é o último ano dele, mas fazer o quê? – resigna-se.