A cotação do dólar na manhã desta terça-feira (22) alcançou R$ 4 e é a mais alta desde a criação do Plano Real, em 1994. Às 9h20, a cotação estava em R$ 4,0264. A moeda fechou em R$ 4,049. O recorde para o fechamento da moeda ocorreu em 10 outubro de 2002, quando o dólar fechou o dia cotado em R$ 3,99. O euro também acompanhou a alta do dólar, fechando o dia em 4,509. Já a libra esterlina, moeda do Reino Unido, (que inclui a Inglaterra) fechou em 6,224.
Importante lembrar que esse preço serve apenas como referencial, e que os valores praticados nas casas de câmbio são maiores, justamente por incluírem as taxas do estabelecimento. Na Malizia, centro de Cabo Frio, na tarde desta terça o dólar podia ser comprado pelo consumidor por R$ 4,07, e vendido para a casa por R$ 3,80. Já na Multimoney, no Shopping Park Lagos, o valor de compra era R$ 4,27, e o de venda, R$ 3,88.
Nesta segunda (21), além de vender dólares no mercado futuro, por meio da rolagem (renovação) dos leilões de swap cambial, o Banco Central ofertou US$ 3 bilhões por meio de um leilão de venda com compromisso de recompra. Nessa modalidade, o BC vende dólares das reservas internacionais, mas adquire a divisa de volta algum tempo depois.
A expectativa é que nos próximos dias a instituição faça mais um leilão de rolagem.
A cotação da moeda não tem caído nos últimos dias, apesar de o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, ter adiado o aumento da taxa básica de juros da maior economia do planeta, na reunião da última quinta-feira, 17.
Desde o fim de 2008, os juros nos Estados Unidos estão entre 0% e 0,25% ao ano. Na época, o Fed cortou a taxa para estimular a economia americana em meio à crise no crédito imobiliário. A última elevação de juros nos EUA ocorreu em 2006.
Juros mais altos atraem capital para os títulos públicos americanos, considerados a aplicação mais segura do mundo. Os investidores retiram recursos de países emergentes, como o Brasil, por exemplo, pressionando a cotação do dólar.
Com disparada do dólar, cai procura por pacotes ‘gringos’
Os gastos de brasileiros em viagem ao exterior em agosto deste ano chegaram a US$ 1,263 bilhão, queda de 46,26% em relação ao mesmo mês de 2014 (US$ 2,350 bilhões), de acordo com dados do Banco Central, divulgados ontem. Os motivos são a alta das moedas estrangeiras, principalmente dólar e euro, e a crise econômica brasileira.
Piero Rocha, da agência Koala Turismo, especializada em excursões para a Disney, nos Estados Unidos, é um que sente na pele a disparada da moeda.
– Afetou em 50% das vendas – diz ele. No entanto, o agente de turismo afirma que a alta tem um lado bom, também.
– Por um outro lado, o preço das passagens aéreas caiu, o que acaba compensando o preço final da viagem – explica ele.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, destaca que a alta do dólar influencia rapidamente – e com intensidade – os gastos com viagens internacionais. Maciel também citou a redução da renda devido à queda da atividade econômica no Brasil.
– De forma geral, acredito que o brasileiro viajará menos ao exterior tendo em vista o encarecimento de passagens áreas e das despesas no exterior de forma geral – disse ele.