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Conta não fecha: a cada 30 cães adotados, cem são abandonados

Secretaria de Agricultura revela superlotação em canil municipal

18 julho 2014 - 21h29Por Rodrigo Branco
Conta não fecha: a cada 30 cães adotados, cem são abandonados

Não que seja novidade, mas ações como o festival Dog Rock, que acontece neste sábado, no Charitas, ajudam a escancarar um problema cada vez mais evidente: a quantidade cada vez maior de cães e gatos abandonados nas ruas da cidade. Mais do que uma mera impressão, o agravamento da situação é confirmado por protetores dos animais e pela própria Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento, órgão responsável por gerir o Canil de Campos Novos, em Tamoios, segundo distrito de Cabo Frio.

O espaço está longe de ter as degradantes instalações mostradas pela deputada estadual Cidinha Campos (PDT) em seu perfil pessoal do Facebook há cerca de um ano  – na verdade, a imagem retratava um canil na China – mas está sobrecarregado. Atualmente, são 130 cães espalhados por 20 baias, mas o ideal, segundo funcionários da unidade, seria a metade. Um projeto de expansão  deve sair do papel até o final do ano.

O responsável pela pasta, José Faustino Júnior, disse que a despesa mensal do local, incluindo alimentação, vermífugos e vacinas, varia, mas o fato de Cabo Frio ser o único município dotado de estrutura semelhante torna a situação mais delicada.

– Absorvemos animais de toda a região, como Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Búzios e até Rio das Ostras – relata.

A matemática é desfavorável. A cada 30 cães adotados, chegam ao canil outros 100. Nesse contexto, as feiras de adoção tornam-se fundamentais. Em seis eventos realizados desde o início da atual gestão, em janeiro do ano passado, aproximadamente 700 animais receberam um novo lar. O número chega a 1.000, se forem contabilizados os processos realizados no próprio canil.

O professor de Biologia e diretor do Horto Escola de São Pedro da Aldeia, Jomar Jotha, 51, saía satisfeito com uma fêmea de dálmata chamada “Corolla”,  pela qual se encantou no dia anterior. A cadela, incialmente reticente, acabou sendo “convencida” a entrar no veículo que a transportaria para sua nova casa.

– Já adotei animais outras vezes e como o pessoal sabe que a gente gosta, já joga o animal no nosso terreno também – contou Jomar.

O caso está longe de ser isolado. Faustino Júnior contou que o canil recupera muitos animais nessas condições. Vale lembrar que abandono de animais caracteriza maus tratos, passível de punição com multa e prisão, de acordo com a Lei Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, a Lei de Crimes Ambientais.

– O problema é a cultura de querer tem um bichinho e depois enjoar, não querer mais. As pessoas têm que ter consciência que são vidas – argumenta.

Protetores dos animais dizem que a situação poderia ser amenizada com a esterilização das populações caninas e felina mas o serviço, antes feito gratuitamente pela Prefeitura, está momentaneamente paralisado por determinação do Ministério Público, que alegou ser inadequada a máquina usada na operação. A inauguração do novo centro cirúrgico, prevista para este segundo semestre, ajudará a resolver a questão e aliviar o bolso dos defensores da causa, tendo em vista que uma castração em clínicas particulares custa de R$ 300 a R$ 500. A possibilidade da construção de um gatil e da implantação de um “Castra-móvel”, veículo que atenderia aos bairros de toda cidade, também estão sendo avaliadas.