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Conselho Regional de Medicina denuncia Saúde de Cabo Frio ao Ministério Público

Cremerj constata sucateamento de hospitais e déficit de recursos humanos em unidades 

29 março 2016 - 15h46
Conselho Regional de Medicina denuncia Saúde de Cabo Frio ao Ministério Público

As críticas feitas pela população de Cabo Frio às deficiências da rede pública municipal de saúde encontraram eco no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj). A entidade anunciou ontem que vai denunciar a situação ao Ministério Público, depois de ter percorrido, em fevereiro, várias unidades como o Hospital Municipal da Mulher, no Braga; o Hospital Central de Emergência (HCE), em São Cristóvão e no Hospital São José Operário (HSJO), no mesmo bairro.

Segundo o Cremerj, entre os principais problemas foi constatado déficit de profissionais, vínculos empregatícios precários, falta de equipamentos e materiais, problemas estruturais, erros na identificação de pacientes e dificuldade na transferência de doentes. O fechamento da Unidade de Pronto Atendimento do Parque Burle, em dezembro, também é visto com preocupação pela diretoria do conselho.
 
– É preocupante porque, além das fiscalizações, temos recebido denúncias de condições de trabalho inadequadas e de sucateamento das unidades. Tudo isso afeta o atendimento à população. A situação piorou ainda mais depois que uma das UPAs no município foi desativada – afirma o vice-presidente Nelson Nahon.
 
As dificuldades no setor vem de longa data, o que motivou pelo menos quatro trocas no comando da secretaria e tem sido assunto de várias reportagens da Folha nos últimos meses. No fim de fevereiro, por exemplo, a reportagem constatou a demora no atendimento no HCE, em função da insuficiência de profissionais. Na ocasião, a direção admitiu que a equipe tem que dividir entre o atendimento e outras atividades. Em outra matéria, em novembro, pacientes e gestantes denunciaram problemas no Hospital da Mulher. Entre as críticas, atendimento inadequados e falta de medicamentos.
 
De acordo com a prefeitura, os problemas financeiros tem prejudicado o atendimento à população. O próprio secretário Carlos Ernesto Dornellas, que 
esteve na sede do Cremerj, se queixou do atraso de repasses por parte do governo do estado, o que impediu que a UPA permanecesse aberto. As demais deficiências também foram justificadas por conta da escassez de recursos nos cofres.
 
Por sua vez, o coordenador da Comissão de Fiscalização do Cremerj, Gil Simões, questionou a falta de recursos humanos e os atrasos salariais.

– Decidimos levar a denúncia ao Ministério Público para reforçar a urgência em encontrar uma solução para este caso. Os gestores precisam resolver essa situação. Esses hospitais recebem pacientes não só de Cabo Frio, mas de cidades vizinhas. Sem contar que a Região dos Lagos costuma ficar lotada em período de férias escolares e feriados. É fundamental que as unidades tenham estrutura para atendimentos de emergência – destaca Gil Simões.

Em nota enviada após o fechamento da edição impressa, a secretaria municipal de Saúde "lamenta que o Cremerj nesse momento não esteja ao lado da prefeitura em busca de mais recursos para uma cidade que sempre se dedicou a ter a melhor saúde do nosso estado", mas que "estamos abertos a ajuda e esperamos contar com Cremerj nesse momento de caos financeiro."
 
(*) Matéria atualizada no dia 30 de março, às 10:06.