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Com demissões e greve, ensino remoto em Cabo Frio tem falta de professores

Conselho de Educação deve decidir que atividades à distância contem como horas letivas

03 setembro 2020 - 10h15Por Rodrigo Branco
Há algumas semanas, os alunos da rede municipal de ensino de Cabo Frio têm acesso a uma plataforma de atividades para o período de recesso escolar em função da pandemia do novo coronavírus. Por não ser uma ferramenta interativa, os estudantes precisam imprimir as apostilas em casa ou retirá-las na própria escola. Contudo, seja como for, em caso de dúvidas e questionamentos, nem sempre o jovem terá facilidade de obter respostas, simplesmente por falta de professores suficientes na rede.
 
Como os profissionais efetivos decretaram greve e os contratados foram dispensados pela Prefeitura no fim de abril, em algumas unidades não há sequer um professor. Na escola Francisco Franco, que fica no Araçá, na zona rural, por exemplo, só restou a diretora. Todos os horários da creche, pré-escola (Educação Infantil) e do primeiro ao quinto ano (Ensino Fundamental) estão sem responsáveis.
 
Um dos diretores do Sindicato dos Profissionais da Educação (Sepe Lagos), Augusto Rosa criticou a situação.
 
– O governo demitiu mais dedois mil profissionais de Educação e boa parte desses profissionais eram professores. Tem muitas escolas que praticamente não tem nenhum professor na ativa. O governo tentou fazer uma espécie de polos. Ele juntou algumas escolas num grupo para que professores de uma escola deem aula para alunos de duas, três escolas diferentes até. Isso é um absurdo, não tem professor suficiente para lecionar. Para realizar esse tipo de atividade remota, eles deveriam ter recontratado esses profissionais. Somos absolutamente contra esse tipo de postura. Os alunos serão prejudicados em demasia; os profissionais serão sobrecarregados. Não vai ter condição de fazer um trabalho de acompanhamento da forma como está sendo colocado – disse Rosa.
 
Se a situação é considerada longe da ideal pelos educadores, o sistema de educação à distância adotado pela rede pública poderá valer como horas letivas. O assunto está em discussão no Conselho Municipal de Educação ( CME) e a tendência é que seja definido que as atividades remotas contem como carga horária. Na sessão desta terça-feira (1º), o CME já definiu que o Ministério Público será avisado de que o procedimento será adotado na rede privada.
 
Para a representante do Sepe Lagos no CME, professora Denize Alvarenga, a possível decisão é um ‘absurdo’ por se tratarem de realidades diferentes.
 
– A rede privada, que o CME também libera, também nos solicitou liberação das atividades remotas porque há relação professor-aluno. As escolas da rede privada não demitiram todo mundo e não pediram ao conselho municipal para validar esse tipo de trabalho – criticou a professora, observando que falta um conselheiro da sociedade civil no conselho.
 
Desta forma, a paridade do CME está desfeita, o que dá vantagem ao governo nas votações.
 
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação (Seme) informou que todas as etapas da implementação do ensino remoto e a confecção de apostilas obedecem à carga horária dos profissionais. Além disso, devido à excepcionalidade do cenário atual da pandemia de coronavírus e para melhor atender aos alunos, todos os servidores da pasta poderão exercer suas funções de formas diferenciadas para melhor prestação de serviço aos estudantes rede municipal.
 
A Seme destacou ainda  que o Conselho Municipal de Educação (CME) é paritário, ou seja, é integrado por representantes da sociedade civil e do poder público em números iguais. Inclusive, o presidente da entidade é um representante da sociedade civil. Por fim, a secretaria informou que a deliberação referente à rede privada é de competência do CME. Não havendo definição do Conselho quanto à rede pública, a pasta elaborou e apresentou o Documento Norteador, sendo este exclusivo para a rede pública municipal de ensino, de acordo com a sua realidade.