Fechado para obras, conforme a Folha noticiou em abril, o Cine Recreio de Cabo Frio pode deixar de funcionar como cinema e passar a abrigar lojas comerciais. O motivo seria prejuízo financeiro, mesmo após investimentos tecnológicos feitos nas duas salas no final de 2013. Com cerca de 100 anos e parte integrante da história da cidade, personalidades da cidade opinam sobre formas de evitar que o local encerre de vez as atividades. Por conta da queda de público, que vinha ocorrendo ao longo dos anos, somados a abertura do shopping, em dezembro de 2013 e os altos custos de manutenção, a saída apontada pelo proprietário, Tony Machado, foi encerrar as atividades. As opiniões sobre o aproveitamento do espaço se dividem. É o caso do professor aposentado Luiz Antônio Nogueira da Guia, que como solução apostaria em adaptações para se transformar em salas de cinema de arte.
– As duas salas deveriam ser arrendadas ou desapropriadas pela Prefeitura de Cabo Frio e poderiam ser utilizadas, com pequenas adaptações, como salas de cinema de arte, educativas e também de teatro. É uma questão de vontade política – opinou. Para o secretário de Cultura, José Facury, a melhor forma de recuperar em manter a história do cinema seria através de um museu da imagem, como o governo queria criar utilizando a casa do fotógrafo Wolney Teixeira (1912-1983), no centro. O imóvel, que também deve se transformar em loja, no entanto, está em disputa judicial.
– O cinema já foi descaracterizado desde a sua primeira reforma, na década de 60, que acabou com a bela arquitetura mourisca original e fez aquela caixa horrível que depois se transformou em um shopping. Se tivesse que fazer alguma recuperação seria na casa do Wolney para fazer um museu da imagem. Aí sim teríamos exposta a historia do Cine Recreio – contou.
A opinião é compartilhada pela memorialista Meri Damasceno, que lamentou a descaracterização com a primeira reforma e o provável encerramento das atividades do Cine.
– Na verdade o cinema quando foi ao chão deixou de ser o cinema de 1917. Mas de qualquer forma é lamentável ver um espaço de cultura fechar as portas – disse.
O escritor Célio Guimarães faz coro e afirma que, apesar de lamentável, os prejuízos financeiros e a concorrência formaram a opção do proprietário em fechar o cinema ao invés de adaptar à realidade.
– É uma questão bem particular, mas compreensível porque um empresário não pode ter prejuízos. Mas é claro que a cidade perde – disse.