No acesso ao Largo de São Benedito, na Passagem, é visível numa placa, mesmo que cercada pelas folhas, os dizeres: “Primeiro núcleo de povoação”. O aviso em um dos pontos turísticos mais visitados da sétima cidade mais antiga do Brasil dá a ideia da importância do turismo histórico, ainda tímido, em Cabo Frio. O tema será debatido amanhã, no auditório da Folha dos Lagos, no centro da cidade, às 10h, abrindo mais um ciclo do projeto Cidade Viva, cujo tema é “Cabo Frio e a sua melhor temporada”. O mediador, o historiador e colunista do jornal Paulo Cotias, reforça a importância do investimento no patrimônio.
Folha dos Lagos – Qual a importância do turismo histórico numa cidade como Cabo Frio?
Paulo Cotias – É importantíssimo primeiro para o próprio munícipe. É uma questão de valorização do patrimônio, da memória, da identidade, de uma melhor compreensão a respeito da própria terra e dos elementos que compuseram a trajetória histórica da cidade. São elementos que se associam igualmente à cultura imaterial. Precisam passar por um processo de preservação como também de acessibilidade.
Folha – Qual o potencial município neste segmento?
Cotias – Está mais do que provado que o turismo histórico tem uma potencialidade econômica fantástica. Ele, primeiramente, é um turismo de baixo custo e de excelente retorno e traz uma variação que nós não temos. Nós, praticamente, temos um turismo praiano. Caso não tenha praia, a alternativa é gastronômica e, agora com o shopping, há uma terceira via. Então, o turismo histórico tem atrativo muito importante, porque pode segmentar a atividade turística ao gerar pacotes vendidos pelas operadoras, associados aos transatlânticos, aos ônibus, às excursões... Isso gera receita à Prefeitura.
Folha – Qual a necessidade do debate?
Cotias – Esperamos sensibilizar e articular todos os esforços de pessoas ou instituições que estão ligados direta ou indiretamente à gestão do patrimônio para que possamos, de maneira integrada, fazer com que seus esforços se transformem em projetos, práticas, alternativas. Num momento de crise, observarmos de que maneira a iniciativa privada pode estar abraçando o patrimônio e dele se utilizando como elemento de viabilidade econômica.
Folha – Qual patrimônio sofre abandono?
Cotias – O que temos hoje é uma dificuldade de manutenção por parte do Poder Público de todo patrimônio histórico cabofriense em virtude das limitações de receita. Entretanto, na medida do possível, os marcos mais fundamentais estão conservados e preservados. Não estão em situação alarmante. O que nós devemos apontar nesse debate é: qual conjunto patrimonial, arquitetônico e histórico podemos catalogar, inventariar e apontar como preferenciais para um plano de manejo sustentável? Num momento de crise, é necessário que esse plano de manejo possa fazer de modo associado através de parcerias público-privadas. A sociedade deve adotar o patrimônio e fazer com que ele se torne um espaço apropriado. Isso requer planejamento, marcos legais transparentes e fundamentados, além de qualificação técnica.
O debate – O fórum desta quinta terá exatamente duas horas de duração. Além de cobertura pela Folha, terá transmissão ao vivo pelo Facebook. Cidade Viva/Debates tem o patrocínio da Prolagos e, também, do Restaurante Comilão.