Os hoteleiros de Cabo Frio, ontem, no fórum de ideias Cidade Viva, definiram como prioridade para o setor a revisão da tributação aos estabelecimentos. Eles também criticaram benefícios aos novos empreendimentos, enquanto a rede tradicional “amarga altas tarifas, especialmente de IPTU”. Eles querem redução de pelo menos 35% neste tributo.
No encontro realizado na sede da Folha, os representantes da área condenaram, ainda, negociações que estariam sendo feitas para a instalação do Hotel Ibis em Cabo Frio, na Avenida Júlia Kubstchek, em prédio de dez andares, o que contraria a legislação atual.
– Isto seria rasgar o Plano Diretor em vigor – disparou Renato Marins, conselheiro da Associação Brasileira de Indústria Hoteleira (ABIH), com o apoio imediato do engenheiro Marco Antônio Pereira, diretor da Associação de Arquitetos (Asaerla).
Renato Marins reapresentou um projeto de 2002 da Associação de Hotéis, que tem por finalidade estimular o turismo de curta distância, num raio de 300km. O projeto requer o apoio de todas as entidades de Cabo Frio, mas, especialmente da Prefeitura, na divulgação dos eventos da cidade, principalmente os de fim de semana. O mesmo projeto cria bandeiras de incentivos a cada trimestre. Em março, abril e maio, por exemplo, o foco seria a terceira idade, enquanto no trimestre seguinte as festas tradicionais – profanas e religiosas – e, também, o calendário esportivo.
Neste mês de março a ocupação hoteleira está em torno de 80%, mas, a partir de abril, a tendência é de redução. Com o projeto apresentado, estima-se uma ocupação média de 50%, segundo Renato Marins. Mas Radamés Muniz lembra que o ideal seria obter pelo menos 60%. Renato e Radamés anunciaram, durante o fórum, que a Associação de Hotéis, em breve, será reativada, com expectativa de solicitar do governo municipal a inclusão da entidade no Conselho de Planejamento (Consepa).
IPTU – Como sempre, o imposto fez parte das discussões, tornando-se o principal tema do encontro, quando se definiu que a redução do tributo para a rede hoteleira deveria ficar em torno de 35%, mas que isso seja resultado de uma rigorosa revisão na legislação atual. Polemizando bastante, o assunto Hotel Ibis não passou em branco. Os hoteleiros rejeitam concessões, como permissão de edifício de 10 andares, quando o Plano Diretor tem definido máximo de cinco. Além disso, segundo Radamés Muniz, o Ibis, no formato que tem sido divulgado, não interessa ao trade turístico, por ser uma bandeira econômica, “visto que a gente quer hotéis que tragam grandes salas de convenções, como os recém inaugurados Oásis, Paradiso Corporate e o Intercity, que está em construção na Avenida Nossa Senhora da Assunção.
Por fim, o debate do Cidade Viva de ontem apresentou duas reivindicações: retomada imediata da Guarda Municipal Turística e a criação de pontos de embarque e desembarque de turistas (vans) nos diversos pontos turísticos, especialmente na Rua dos Biquínis, na Gamboa. O debate sobre os novos rumos da hotelaria, além de Radamés Muniz e Renato Martins, contou com a participação do engenheiro Marco Antônio Pereira, da Asaerla, Walmir Venceslau, da Acia, Diego Andrade, da Delegacia do Conselho de Contabilidade, além do jornalista Wagner Pinheiro, do comunicador Roberto Oliveira e, ainda, de Walter Farias.
O outro lado – A Folha do Lagos ouviu a secretária de Turismo, Fabíola Bleiker, que elogiou a retomada do projeto de fomento do turismo de curta distância, assim como aplaudiu reivindicações como a retomada da Guarda Turística e criação de pontos de embarque e desembarque de turistas em diversos pontos. Com relação à redução do IPTU e a oposição ao projeto Ibis, Fabíola disse que se trata de questões técnicas, que dependem de nova oportunidade para melhor se pronunciar. Mas ela elogiou a postura dos hoteleiros e convidados do fórum, dizendo que “o debate e a participação são os caminho mais curtos para desenvolver o turismo”.