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Carol Midori: a superprotetora dos animais

Superintendente fala em 'sacrifício', mas diz que trabalho 'vale a pena'

01 abril 2017 - 09h11Por Texto: Rodrigo Branco | Foto: Arquivo Pessoal
Carol Midori: a superprotetora dos animais

Com a entrevista marcada previamente, a reportagem conseguiu encontrar a superintendente de Defesa dos Animais de Cabo Frio, Caroline Midori, em um raro momento em que não está para lá e para cá levando cães feridos ao consultório, correndo atrás de vacinas e ração ou em feiras de adoção. Mas isso não significa que ela estivesse parada. Na verdade, nunca está. No brechó que dirige no Itajuru para levantar renda para a causa dos animais abandonados, o Bazar Animal, Carol fala ao telefone, orienta as voluntárias e toma decisões. Apesar de contar com uma equipe a ajudá-la nas ações da superintendência, é ela quem toma as rédeas. Marido e família já estão acostumados.

– Não tem jeito. Outro dia mesmo, meu marido estava brincando que perdeu a esposa dele para o trabalho e para os bichos. Mas acontece, ainda mais nessa fase inicial, que a gente está correndo atrás de muita coisa e desperta cedo, vai para o Canil Municipal – explica a cabofriense de 28 anos, que entre os oito e os 16 anos morou no Japão, terra dos seus ancestrais e onde não se vê cães abandonados pelas ruas.

A ascendência oriental ajuda a dar disciplina, mas a rotina ainda assim é puxada. Num dia típico, Carol acorda às 8 horas e, quando consegue, toma café antes de ir para o Canil Municipal junto com o veterinário e a administradora do local. Apesar de ter delegado a tarefa de receber as denúncias às suas assessoras, Carol conta que chega a receber até 80 mensagens diariamente, entre pedidos de resgate; vários deles de cidades vizinhas; denúncias de maus tratos; solicitações de castração; elogios e, claro, críticas. Quanto a esse último, ela também lança mão da paciência e do equilíbrio típico dos nipônicos para rebater maledicências e comentários de ‘quer mídia’ ou simplesmente ‘aparecer’. 

– A gente percebe de cara quando uma pessoa faz uma crítica construtiva e quando a pessoa quer só detonar o trabalho. Muitas vezes por maldade, malícia ou não sei por que. Eu já tento não dar muita ideia. Já sei quem são algumas pessoas que estão sempre cutucando. Algumas do governo passado, por questões políticas – dá de ombros a superintendente, que luta para terminar de pagar uma dívida de mais de R$ 20 mil, contraída da época da extinta ONG Apaixonados por Bichos.

Até por causa disso, Carol prefere mesmo é falar de quem se dispõe a ajudar. Seja atuando voluntariamente no bazar ou deixando um pacote de ração. Sem deixar de acreditar no poder de mobilização da sociedade, a superintendente corre atrás e já ouviu a promessa do prefeito Marquinho Mendes de que, assim que a situação financeira do município melhorar, terá funcionando projetos considerados fundamentais, como o da castração gratuita em comunidades carentes. Para o próximo ano talvez seja possível. Até lá, a Prefeitura se comprometeu com o básico, isto é, comida, água e material de limpeza para o Canil.

Enquanto não consegue mudar a realidade dos animais de rua, Carol trabalha sem hora para acabar. A última folga, ela recorda, foi uma viagem a Tiradentes (MG) logo após a campanha eleitoral do ano passado na qual foi a grande sensação e quase foi eleita para a Câmara Municipal. Mesmo sacrificando o lazer, ela conta que o amor pela causa dos animais fala mais alto. Mesmo porque está no sangue.

– Minha mãe que me ensinou a ser assim. Ela sempre resgatou cachorros e gatos de rua e botava lá em casa. Fui aprendendo a ser assim. Meu pai aprendeu a gostar com a gente e agora ajuda a limpar as caixinhas dos gatos, dá banho. Ele se amarra no meu trabalho. E meu marido já desistiu, não adianta falar pra não trazer mais bichos, não vai se estressar mais com isso, ele diz – diverte-se