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JMJ

Cabofrienses que estão na Jornada Mundial da Juventude contam experiência

Encontro católico acontece este ano na Polônia, na cidade da Cracóvia

28 julho 2016 - 10h21Por Gabriel Tinoco I Foto: Arquivo Pessoal
Cabofrienses que estão na Jornada Mundial da Juventude contam experiência

Na terra do papa João Paulo II, todos falam o mesmo idioma: a devoção cristã. A fé encurtou distâncias e impulsionou os cabofrienses a pegarem um avião até a Polônia para mais uma edição da Jornada Mundial da Juventude. O encontro, realizado a cada três anos, começou na última terça-feira e já é uma experiência incrível para a comerciante Alexsandra Baptista de Souza, 35.

– Nunca tinha participado de uma jornada fora do país. Minha primeira jornada foi no Brasil. É muito emocionante estar num lugar que o mundo inteiro está reunido em pró de um ser que é Jesus. Todos falam uma linguagem única: o amor – comenta.

O tema da jornada é “bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. O encontro reúne jovens para ensinamentos sobre o catolicismo e formação de pontes de amizade entre povos do mundo inteiro. O evento foi instituído pelo Papa João Paulo II em 20 de dezembro de 1985 – João Paulo, inclusive, é um dos homenageados. O pontífice se inspirou nos grandes encontros de jovens do Domingo de Ramos, em Roma.

A JMJ tem um longo calendário de eventos (ao todo, 250) para os peregrinos. A programação inclui pintura, fotografia, imagens, eventos esportivos, apresentações e espetáculos. Além disso, a jornada deste ano realiza a Copa Católica: torneio de futebol que vai reunir equipes do mundo inteiro.
Na última JMJ, que aconteceu no Rio de Janeiro em 2013, inúmeros estrangeiros percorreram as ruas de Cabo Frio e foram bem acolhidos nas paróquias da cidade. Um encontro com um carro de som, inclusive, levou os peregrinos ao Convento Nossa Senhora dos Anjos, em frente ao Largo Santo Antônio, no Itajuru.

Alexsandra também ficou impressionada com a receptividade polonesa.

– A Polônia é um país maravilhoso e de uma cultura riquíssima. O mundo inteiro tem que aprender a conservar os templos com os poloneses da Cracóvia. Tivemos a Semana Missionária e todos trataram a gente com muito amor. Estamos aqui desde o dia 18. Desde então, foi muito choro, muita emoção e criamos laços mesmo falando em idiomas diferentes – completa.

O laço entre os seguidores do cristianismo ficou cada vez mais forte na jornada. Alexsandra estava acompanhada pela professora de História Sílvia Rohem Goulart, que representou o país na festa católica. Em tom emocionado, Sílvia começou a narrar sua experiência através de uma passagem bíblica.

– Bem aventurados os misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia. E assim tem sido conosco. Fomos recebidos por famílias que nos acolheram. Independente da língua, a linguagem do amor surpreende. Senti a unidade da igreja e o amor de Deus conosco. Senti cristo nos outros – desabafou.

Ontem, a professora de história teve um dos momentos mais emocionantes.

– No segundo dia da jornada, rezamos o terço com o cardeal do Rio de Janeiro, ao lado do santuário do Papa São João Paulo II. Tive o privilégio de carregar a cruz, um dos símbolos ao lado do ícone de Nossa Senhora. Foi um momento muito importante, porque senti a união pelas ruas. Esses têm sido momentos de integração pela fé. Estamos unidos pela fé. Há milhares de pessoas nas ruas, todos com amor fraterno muito grande. Tem sido uma peregrinação, mas o cansaço já não nos abate.

Aos 60 anos, a administradora Léa Soares vê, enfim, o desejo do papa mais popular da história se concretizar.

– É uma experiência da escuta de Deus na alegria dos Jovens. É encantador constatar que o desejo do então Papa, João Paulo II, de encontrar-se com a Juventude do Mundo inteiro continue superando todas as expectativas – afirmou ela, que estava encantada com o Santuário da Misericórdia, na Cracóvia, ao lado de membros da arquidiocese de Niterói e de Cabo Frio também.

O jovem João Carlos Souza, de apenas 12 anos, pôde experimentar na pele a união entre os povos pelo cristianismo.

– No primeiro dia que chegamos em Kielce pela madrugada. Nos receberam às 3h. Avistamos os poloneses com a bandeira do Brasil e isso foi emocionante. Os poloneses nos receberam tocando violão. Ensinaram várias músicas para a gente e ensinamos inúmeras canções para eles. Fizemos também trilhas na floresta e caminhadas de peregrinação com italianos e canadenses. É emocionante viver essa experiência com vários povos de diferentes culturas e linguagens – coloca, bem eufórico.

Abertura triste

A cerimônia foi aberta pela missa presidida pelo bispo diocesano, cardeal Stanislaw Dziwisz, que foi secretário pessoal do papa João Paulo II por muitos anos. Inicialmente, Stanilaw pediu orações “por todas as vítimas do terrorismo nos últimos anos”. No discurso, ele também lembrou do sacerdote Jacques Hamel, assassinado por um ataque numa igreja no norte da França.

A jornada teve 600 mil pessoas inscritas – dentre elas, 13 mil eram brasileiras. E não para por aí: 150 voluntários do Brasil estão na organização do evento. O papa Francisco chegou ontem à Cracóvia. A JMJ acontece desde 1986 e é a segunda vez que a Polônia recebe o evento, a primeira foi em 1991, quando o polonês João Paulo II era papa.

A delegação brasileira é a sétima mais numerosa entre os inscritos.