Diante do desafio, uma rotina pesada: oito refeições por dia e sessões de musculação intensificadas. O cabofriense Emerson Neves, de 20 anos, “ficou grande” – como se fala na gíria das academias. Tudo para participar do campeonato Mister Rio, organizado pela Federação de Culturismo do Estado do Rio de Janeiro (IFBB-RIO), na categoria 'Bodybuilding Juvenil', até 75kg. A competição aconteceu no último fim de semana, nos dias 21 e 22 de junho, no Rio de Janeiro. Resultado? O terceiro lugar em sua primeira competição. E quer mais: se prepara para o Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo e Fitness, no dia 19.
– A sensação é única. Faz tudo valer a pena. Você passa fome, sofre nos treinos, passa sede. Eu fiquei dois dias sem beber um copo de água sequer para a pele afinar. Foi muito sofrido, mas valeu a pena – comemora.
Antes de tomar a decisão de competir, o atleta já malhava. Mas foi através de uma conversa com o amigo e treinador Diogo Pereira Carvalho que ele se interessou pelo fisiculturismo.
– Pratico musculação há mais ou menos três anos. Era mais por bagunça, vaidade. Queria ter um corpo legal. O fisiculturismo não foi uma decisão tomada sozinho. Em uma conversa na academia o meu amigo Diogo propôs que eu participasse do Mister Rio – contou o fisiculturista.
Emerson Neves foi convidado pela Federação para participar do Campeonato Brasileiro graças ao bom desempenho no Mister Rio. Animado, ele garante que cada treino preparatório será de superação.
– Estava no trabalho quando recebi um telefonema da Federação me convidando para participar do brasileiro. Não acreditei. Logo depois liguei para o Diogo, que também não acreditou. No dia seguinte, liguei para confirmar e fiquei muito feliz. Ser chamado para o brasileiro é como ser convocado para a Copa. Estou muito motivado, cada dia me supero mais.
Para seguir em frente, tem que ter disposição. Diogo Pereira, que também já participou de competições, lembra que Emerson conseguiu passar pelas dificuldades com muita determinação. Nos primeiros dias de treinos, ele chegou a passar mal.
– No primeiro treino de perna, ele desmaiou. No segundo, também não aguentou e acabou vomitando. Ele não desistiu e continuou sempre regrado, mas às vezes chorava porque estava sentindo muita dor. Muitos atletas desistiram faltando uma semana para a competição, porque não aguentavam a dieta. Porém ele se dedicou e foi até o fim – comenta Diogo.
A dieta é justamente o que chama mais atenção na rotina dos fisiculturistas. Eles se alimentam, basicamente, de frango e batata doce. O que não é diferente para o Emerson, que passou a comer de três em três horas.
– É difícil mesmo quando meus amigos vão à pizzaria, aniversários, fazem churrasco, ainda mais nessa época de Copa, tenho que ficar só olhando.
Emerson conta que sempre teve o apoio da mãe, mas que muitos familiares o achavam maluco.
– Minha família pensava que eu era maluco. Às vezes chegavam dizendo que eu estava ficando feio, mas muitos que não conhecem o esporte têm esse preconceito – afirmou.
Para ele, quem sonha em entrar no fisiculturismo precisa não só querer, mas ter foco.
– Não adianta só querer. Não é um esporte fácil. O atleta tem que ter foco, persistência. Tem que gostar muito. Não vou parar – finalizou Emerson.