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Buscas por Igor Bastos completam um mês sem respostas

Capitão de Corveta que caiu com um avião no mar de Saquarema teria tentado se ejetar

26 agosto 2016 - 09h02
Buscas por Igor Bastos completam um mês sem respostas

FERNANDA CARRIÇO

 

Hoje, a Aviação Naval completa 100 anos. Apesar do dia de festa e do coquetel de confraternização na Base Aérea Naval de São Pedro, no meio do caminho, há um brinde amargo:  completam 30 dias as buscas pelo capitão de corveta Igor Bastos, de 35 anos, que caiu no mar de Saquarema no último dia 26, quando a aeronave que pilotava colidiu com outra. Igor tentou se ejetar, mas não conseguiu. 

Segundo fontes ouvidas pela Folha, esta é uma das maiores operações de busca já registradas pela Base Aérea Naval de São Pedro – o que significa que as Forças Armadas estão lançando mão de seus melhores recursos para encontrá-lo.

– A operação padrão em média dura três dias, mas desde o início o pensamento foi: “Só paramos quando o acharmos”. Esta é, sim, uma das maiores buscas da história da região – declarou o capitão-tenente Jonas Oliveira, comandante da Capitania dos Portos de Cabo Frio, que continua diariamente com equipes no mar de Cabo Frio e Arraial na busca pelo desaparecido.

Desde então, a Marinha realiza uma verdadeira operação de guerra. No início do mês, como antecipou a Folha com exclusividade, duas rodas da aeronave AF-1 Skyhawk foram achadas em locais distantes: uma em Figueira, distrito de Arraial e outra na Praia do Peró, Cabo Frio. Com isso, o raio de buscas foi ampliado e as dificuldades para achar o piloto só cresceram. 

Outro fator que dificulta ainda mais as buscas é que o caça AF-1 Skyhawk, por se tratar de uma aeronave de guerra (a Marinha, inclusive, adquiriu 23 unidades do modelo depois da Guerra do Golfo), não tem caixa-preta ou qualquer localizador. A operação-treinamento era justamente para fugir do radar, já que, em guerras, nenhuma operação destas deve ser rastreada.

– É impressionante como a força da corrente marítima pode ir longe – declarou o tenente-coronel Leonardo Couri, comandante do 18°GBM, que teve homens envolvidos nas buscas nos primeiros 20 dias.

Coordenadas pela Marinha do Brasil do Rio de Janeiro, as buscas seguem com um navio de Socorro Submarino “Felinto Perry”, um navio de Pesquisa Hidroceanográfico “Vital de Oliveira” e o navio da Petrobrás “Fugro Aquarius” com equipes de apoio empregando aeronaves, lanchas e viaturas, estendendo as buscas pelas praias das regiões de Maricá, Saquarema, Arraial do Cabo e Cabo Frio.

– Um inquérito policial militar (IPM) foi instaurado para apurar as circunstâncias do acidente. E encontram-se em andamento os trabalhos da Comissão de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (ComInvAAer), estabelecida com o objetivo de identificar os fatores que contribuíram para o acidente, visando a prevenir novas ocorrências – informou o Contra-Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, da Marinha de Brasília, no Distrito Federal, em nota por e-mail.

Na mesma nota, o Contra-Almirante informa a respeito das aeronaves do modelo AF-1 Skyhawk, que, por padrão, estariam sem poder voar desde o acidente em 26 de julho. Todas estariam aterrisadas na Base de São Pedro porque o código internacional determina que quando uma de um modelo sofre acidente, todas são impedidas de voar até que as causas sejam conhecidas:

– As aeronaves AF-1 disponíveis para vôo encontram-se realizando inspeções de rotina e retornarão ao vôo assim que forem prontificadas. Não há, até o presente momento, qualquer indício que corrobore com o procedimento de indisponibilizar a frota de aviões AF-1 Skyhawk.

100 anos da 
Aviação Naval

Hoje é dia de festa na Base Aérea naval de São Pedro. Um coquetel para 1500 pessoas foi preparado para ser servido a partir das 10h para uma lista seleta de convidados. Na programação, desfile das organizações militares, da Banda Naval e apresentação das aeronaves. Mas apesar do dia de celebrações, uma polêmica está no ar. O baile de gala, que está marcado para as 22h, acontecerá no hangar o do esquadrão VF1, justamente o esquadrão do capitão de corveta Igor Bastos. O local da festa teria causado polêmica dentro dos portões da Base. Segundo fontes, algumas pessoas teriam solicitado que o local fosse outro, por respeito aos familiares e amigos dele. Mas o pedido teria sido negado.
O acidente – O capitão de corveta Igor estava pilotando uma das aeronaves que participavam de uma simulação de ataque a navio. A outra estava sob comando do capitão de fragata Rogerdson Fabiano da Costa Pereira da Silva, que era imediato da unidade. Elas colidiram a 100 metros de altura, em uma velocidade de cerca de 700 km/h. A causa do acidente só poderá ser averiguada quando – e se – a aeronave for encontrada. O caso aconteceu por volta das 14h20, a 26 de julho. Menos de dez minutos depois, o avião comandado por Rogerdson pousava na base de São Pedro da Aldeia.