Quem anseia por uma malha cicloviária integrada – e não com ciclovias avulsas espalhadas pela cidade – em Cabo Frio pode ter esperança. Segundo o secretário municipal de Transporte, Victor Moreira, existe um projeto para integrar as ciclovias já existentes em rede e assim facilitar a vida do ciclista da cidade, levando a ele não só praticidade, mas também segurança. A informação vem em hora opor- tuna, já que os últimos meses registraram um número alto de morte de ciclistas no município.
No entanto, a sinalização do secretário chega tarde, mais precisamente três meses depois do corte da verba federal para reformas de mobilidade urbana, em função do não cumprimento à lei n° 12.587, de 3 de janeiro de 2012. A lei determina que os municípios que não cumpriram os prazos estabelecidos têm que usar verbas municipais para as futuras reformas.
Em função disso, o engenheiro civil e presidente da Associação dos Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (Asaerla), Luciano Silveira – responsável por fiscalizar os planos municipais –, cobra atitudes da Prefeitura no planejamento urbano da cidade.
– A Asaerla quer um posicionamento da Prefeitura. Eles não podem falar que vão criar ciclovias sem fazer um planejamento e nem colocar uma ciclovia na uma rua sem pensar no impacto que isso causará para o trânsito. Nós queremos explicar que não adianta só colocar ciclovias, tem que ter um plano – afirma ele.
Na Região dos Lagos, a lei n° 12.587 foi cumprida apenas por Búzios e Rio das Ostras. A lei determina que haja a integração entre diferentes modos de trans- portes e a melhoria de acessibilidade e mobilidade.
– A Prefeitura pode usar as verbas do município para as reformas, mas vai gastar um dinheiro que poderia ser usado em outras coisas. Se o plano fosse cumprido, a Prefeitura usaria a verba federal sem precisar gastar outros recursos. É apenas uma questão de gestão – disse.
Com o objetivo de contribuir para o acesso à cidade, o planejamento urbano poderia servir como auxílio nas obras de melhoria da integração municipal. Além de possibilitar a redução nos acidentes com ciclistas – visto que com um plano seria possível a criação de uma rede cicloviára segura – a mobilida- de urbana serve para contribuir com os meios de transporte e com os pedestres. No entanto, é preciso investir nos locais apropriados para evitar que ciclovias sejam feitas sem fundamento.
– Não adianta querer investir e não planejar. Vai ser igual ao que acontece nas Palmeiras, onde tem ciclovias que ligam nada a lugar nenhum. A ciclovia tem que ser integrada e ajudar a massa trabalhadora da cidade que utilizam a bicicleta para se locomover – explica.
Além disso, de acordo com Luciano, a falta de um programa só causa mais prejuízo para o governo. Segundo ele, a Prefeitura é obrigada a fazer remendos que não teriam necessidade se houvesse um melhor planejamento.
– Um exemplo disso é na obra na Estrada da Integração. Na construção de 14 quilômetros poderia ter uma ciclovia integrada. Bas- tava fazer mais 1,5m e as pessoas poderiam usar a ciclovia como um local de transporte seguro. Se forem fazer alguma coisa, agora, terão que fazer um remendo.