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Crise do coronavírus

Às vésperas da Páscoa, pescadores da região amargam prejuízos com quarentena

Comercialização do peixe caiu em 90% nas duas últimas semanas em São Pedro da Aldeia

08 abril 2020 - 17h52Por Julian Viana

O período de quarentena afetou a comercialização de peixes e outros frutos do mar durante uma época que é muito esperada pelos pescadores da região: a Páscoa, que este ano é celebrada no dia 12 de abril. Segundo Francisco Neto, conhecido como Chico Pescador, presidente da Associação de Pescadores da Praia da Pitória, em São Pedro, a comercialização do peixe caiu em 90% nas duas últimas semanas.  

– Com toda a certeza, essa quarentena afetou o nosso trabalho. Nas semanas passada e retrasada, a comercialização do peixe ficou praticamente parada. Não conseguimos vender muitas espécies. A galera não queria comprar. Começamos a restaurar a economia da pesca nesta semana [Semana Santa], mas, mesmo assim, com 40% mais baixo daquilo que é normal. Esperávamos mais neste período – confessa Chico.

Um integrante da associação dos pescadores da Prainha, em Arraial do Cabo, contou à Folha que muitos decidiram doar os peixes por conta da falta de compradores. 

Alexandre Marques Cordeiro, presidente da Colônia Z4 de Cabo Frio, disse que muitos decidiram parar de ir ao mar, pelo fato de as vendas escassas se somarem com o peso das despesas com diesel, gelo e suprimentos, que não diminuíram. 

– Está bem complicado vender o peixe. Estamos praticamente dando aquilo que a gente pega no mar. Com isso, temos a dificuldade de pagar as nossas despesas. Os preços do óleo diesel, gelo e comida não diminuíram. Muitos dos nossos pescadores tiveram que amarrar as embarcações – conta o Alexandre.

Em Iguaba Grande, a situação não é diferente. Cícero Vanderlei Neto, presidente da Colônia de Pescadores Z29, conta que, no município, parte do pescado é vendida diretamente no cais e outra é remetida aos frigoríficos, que geralmente distribuem às feiras livres, fechadas por medidas de prevenção ao novo coronavírus.

– Na semana passada, tivemos até que ficar uns quatro dias sem pescar porque tínhamos um grande estoque de peixe, que ninguém comprava. A procura no cais não foi a mesma em relação aos anos anteriores. Este ano, o mês da Páscoa para o pescador foi um desastre – desabafa Cícero.

Campanha vai estimular consumo de pescado durante pandemia

A Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro (FIPERJ), órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais do Governo do Estado do Rio de Janeiro, estabeleceu um Plano Emergencial de ações que visa mitigar os impactos da crise do Covid-19 no setor da pesca e aquicultura no Estado.

–  A pandemia vem se estendendo justamente durante o período do ano mais importante para comercialização de pescado, a Semana Santa –  explica o subsecretário de Pesca e Aquicultura, Ramon Neves.

Segundo o subsecretário, uma das linhas do Plano é o estabelecimento de campanha para o fortalecimento do consumo de pescado produzido no estado do Rio de Janeiro, com a divulgação de mercados e outros estabelecimentos que possam oferecer o serviço de entregas em domicílio do produto. Além disso, a campanha vai orientar sobre medidas higiênico-sanitárias para o enfrentamento da disseminação do coronavírus.

–  A medida tem como objetivo sensibilizar compradores e consumidores da importância de direcionar suas compras para o benefício dos pescadores e produtores de nosso Estado, neste momento em que a solidariedade se mostra como o principal caminho para superar dificuldades.