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Arraiá, protesto e deboche na Prefeitura de Cabo Frio

Encenação teve casamento de Marquinho com Adriano

16 julho 2019 - 08h47
Arraiá, protesto e deboche na Prefeitura de Cabo Frio

RODRIGO CABRAL

Tem salário atrasado saindo!”, anunciava em alto e bom som o narrador, enquanto a resposta vinha na ponta da língua de quem participava do arraiá que reuniu artistas e servidores da Educação, ontem de manhã, em frente à Prefeitura de Cabo Frio:

– É mentira!

A manifestação em forma de festa julina culminou com a encenação do casamento celebrado por “Padre Peruquinha”(representando o ex-prefeito Alair Corrêa) entre “Marquinho Mente”  (ex-prefeito Marquinho Mendes) e “Adri Ba-bá e os R$ 40 Milhões” (prefeito Adriano Moreno), ambos amantes de “Minto Alencar” (Milton Alencar, secretário de Cultura) – da relação extraconjugal nasceu Migué Alencar (Miguel Alencar, secretário de Governo).

– As pessoas votaram no prefeito atual achando que representaria mudança, por ter aparentado não ter vínculos com antigos prefeitos. E, agora, estamos vendo que  ele está cada vez mais próximo do ex-prefeito [Marquinho]. A gente simboliza isso com a dramatização – explicou a coordenadora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe Lagos), Cíntia Machado. 

A quadrilha, que começou às 10h, arrancava risos de quem passava por conta da criatividade e irreverência dos participantes. Entre os quitutes anunciados, havia, por exemplo, “cocada antiética”, “bolo com recheio de improbidade” e “caldo de falácias”. Além de personagens que representavam figuras conhecidas da política local, a encenação também contou com “convidados de honra”: os ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão. 

– Esse protesto é uma forma de expor para toda a população a covardia que foi feita com secretaria de Cultura. Somos artistas. Todos os atos que vamos fazer serão artísticos, até que nossas demandas sejam atendidas – afirmou o ator Ravi Arrabal, responsável pela locução do arraiá.

Sepe tem nova reunião com governo amanhã

Tanto os artistas quanto profissionais da Educação aguardam respostas concretas do governo para os próximos dias.   Representantes do Sepe têm amanhã nova rodada de negociação na prefeitura. Na semana passada, em assembleia, os sindicalistas votaram pela continuidade da greve. 

– Esperamos que o governo dê respostas em relação ao reajuste, que não foi dado para toda a categoria, a reposição do que foi descontado de greve e outras questões, como a isonomia [salarial dos inspetores de alunos e auxiliares de classe], que a Câmara não votou como combinado [não houve quórum para votação na quinta-feira passada, última sessão antes do recesso legislativo]. Queremos que essas demandas sejam atendidas para já, para ontem – reforçou Cíntia Machado. 

Enquanto isso, na sexta-feira, um representante do governo foi à ocupação no Charitas, organizada pela Sociedade de Artistas Livres (SAL). Ele convidou   os manifestantes para uma reunião na prefeitura. Como os artistas exigem audiência pública com Adriano Moreno, eles preferiram não atender ao chamado, mas enviaram um advogado para a conversa. Na ocasião, o prefeito teria se comprometido a marcar o encontro pleiteado, sem, no entanto, dar detalhes de que forma aconteceria. 

– Queremos uma audiência pública com o prefeito. Não queremos reunião com grupinho com cinco ou seis pessoas. Queremos que ele se retrate publicamente pelo que fez – afirmou Ravi Arrabal, referindo-se à manobra feita para exonerar Meri Damaceno e nomear Milton Alencar.

–  No ano passado, a pasta teve mais de 120 conversas de câmaras setoriais. Em nenhum momento foi colocado o interesse de tirar a secretária (Meri) e nomear o Milton. Não aceitamos que a Cultura seja cabide de emprego. Cobramos transparência, democracia e o bom uso do dinheiro público na pasta. 

Uma das preocupações é a garantia do cumprimento das metas estipuladas pelo Plano de Cultura e também da gestão da verba de 1% do orçamento municipal destinada para a pasta – conquistas obtidas durante a gestão de Meri.

– Queremos que o conselho seja efetivado dentro da secretaria, que uma audiência pública seja aberta para a classe artística seja feita e, também, a garantia da execução do Plano de Cultura, e não projetos pessoais de amigos do secretário.

Ocupação no Charitas completa uma semana

A ocupação feita por artistas no Charitas completou uma semana ontem. A produtora cultural Ana Luiza Barbosa, que faz parte do grupo que se reveza no local, ressalta que o momento é oportuno para uma valorização do espaço.

– Não é fácil. Abrimos mão do conforto da nossa casa. Está todo mundo com trabalhos atrasados. Mas está sendo muito válida essa luta, essa resistência. O mais importante que vejo é o fato de que a cidade está se apropriando desse espaço cultural, que é muito importante. Já tem gente até tatuando a imagem do Charitas em seus braços – conta a produtora.