Campeão de votos em sua segunda eleição para vereador de Cabo Frio, Aquiles Barreto (SD) alcançou novo mandato com 2.766 votos. O desempenho, aliado à vitória de Marquinho Mendes (PMDB), a quem é ligado, potencializa suas chances de presidir o Legislativo a partir do ano que vem, mas ele provavelmente terá que disputar a condição com outros nomes, como o do experiente Luis Geraldo (PRB). Apesar de ser aliado de Marquinho, ele promete fiscalização.
– Precisamos de união para tirar a cidade do buraco – prega.
Folha dos Lagos – Esperava ser o vereador mais votado da cidade?
Aquiles Barreto – Acho que nosso nome foi uma esperança de reconstrução e de um futuro melhor para Cabo Frio. E o reconhecimento do nosso mandato. Andamos Cabo Frio inteira, de Tamoios ao Jardim. Tivemos boa votação em todos os lugares da cidade e isso demonstra que o nosso mandato teve repercussão em todas as pontas de Cabo Frio. Fico feliz pelo reconhecimento do nosso trabalho. Não nos deram apenas uma oportunidade, mas também uma responsabilidade sendo o vereador mais votado.
Folha – Em que medida a crise do governo e sua atuação como líder da oposição tiveram influência na sua votação?
Aquiles – Acredito que o nosso trabalho de fiscalização, pontuando os problemas da cidade, sem fazer ataques pessoais, mas com números, foi reconhecido. A vontade que colocamos e a fiscalização que fizemos nos deu respaldo e, com certeza, a sociedade entendeu que fomos uma voz ativa da oposição.
Folha – Que lição traz a renovação na Câmara?
Aquiles – É o que tenho falado: os vereadores que entrarem devem ter humildade; é o momento de a gente pensar na cidade e de ter carinho para uma cidade melhor. Não é momento de falar de situação e oposição e sim de todos os vereadores eleitos se unirem para salvar e reconstruir Cabo Frio. Marquinho deveria ter uma Câmara ativa no seu início para que a gente possa fazer um bom mandato. O recado das urna é o seguinte: todo político ganha com grupo e ele deve ser valorizado, mas no primeiro momento tem se colocar a cidade.
Folha – Sua votação e a eleição de Marquinho, a quem é ligado, o colocam com favoritismo natural para presidência da Câmara. O que acha disso?
Aquiles – Presidente da Câmara eu serei no primeiro dia pelo fato de ser o mais votado e o nosso Regimento Interno nos diz que o mais votado assume e dá posse aos vereadores e ao prefeito. Depois disso, tenho pregado a paz e o consentimento. Não acho que a gente tem que começar dividindo, mas somando. Coloco meu nome como outros também estão colocando, mas digo que só gostaria de ser presidente se tivesse unidade, que é o que a cidade precisa agora para gente possa ter um bom governo. Marquinho vai precisar de colaboradores aqui na Câmara para que possa iniciar um mandato de reconstrução e, passado esse primeiro momento, as bandeiras políticas se levantam e cada um começa a se posicionar, mas com dados, fatos e números e não somente por ter a bandeira da oposição ou da Câmara ser respeitada novamente, pois está em descrédito junto à população.
Folha – Marquinho disse que quer uma ‘Câmara parceira’. No seu caso, a população pode esperar a mesma postura combativa e fiscalizadora que teve no primeiro mandato?
Aquiles – Já me coloco à disposição do prefeito Marquinho para reconstruir a cidade. Acho que nosso grupo político pode ajudar a cidade a sair do buraco que está. Nosso grupo pode contribuir porque é honesto, capacitado e tem uma boa liderança na cidade. Entendo que Marquinho precisa de uma Câmara parceira, mas que saiba cobrar até porque você só cresce nos erros e sendo cobrado. Não adianta passar a mão na cabeça do Marquinho e os secretários errarem administrativamente.É importante ter uma Câmara parceira, mas ativa, fazendo seu papel de fiscalizar. Quando um secretário errar, vou à tribuna cobrar. Se o Marquinho errar, vou à tribuna cobrar. Não sou puxa-saco de ninguém. Em primeiro lugar, sou a cidade de Cabo Frio.
Folha – Quais seus principais projetos para o mandato?
Aquiles – Alair conseguiu urbanizar nossa cidade. Marquinho conseguiu olhar o cidadão. Precisamos nesse momento inicial reconstruir a cidade, mas pensando no desenvolvimento dela, trazendo empresas e empregos. Transformar escolas em cursos de profissionalização à noite, doar terrenos para empresas se instalarem aqui e atrair mais impostos e empregos. Essa é a linha que vamos focar até pela minha formação de administrador e Comércio Exterior. Temos que copiar o modelo de São Pedro, Cabo Frio não precisa inventar a roda.
Folha – Ter sido um dos alvos do velório coletivo feito pelos servidores o aborreceu?
Aquiles – O servidor tem direito de protestar, faz parte da democracia. Mas posso dizer que fui atuante, fiz Comissão da Educação. Tentei fazer o melhor, cobrei o governo a todo momento. Fui à Justiça para cobrar quando não tive resposta aqui. Mas vimos também um movimento político. Havia pessoas que estavam defendendo um candidato, não a classe. Não digo que fico chateado, temos que olhar para frente. Se errei, peço desculpas, mas tenho certeza que trabalhei muito para que a cidade não estivesse nesse buraco.