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feminicídio

Após assassinatos, mulheres vão às ruas protestar contra a violência

Manifestações estão previstas em Cabo Frio e São Pedro da Aldeia

26 maio 2016 - 11h00Por Gabriel Tinoco
Após assassinatos, mulheres vão às ruas protestar contra a violência

O assassinato brutal de Rayzza Ribeiro, 21, representou um duro golpe na sensação de segurança das mulheres da região, além de uma forte onda de indignação. E elas prometem não esquecer: o Movimento Feminista de São Pedro da Aldeia (de onde a menina era) marcou ato para sensibilizar ainda mais os moradores, dia 5. A manifestação começará na Praça do Canhão, no centro da cidade, às 10h. O objetivo é chamar a atenção das autoridades para os crimes cometidos contra mulheres. Em Cabo Frio também haverá protesto, já na segunda, 30. A concentração será na Praça Porto Rocha, às 14h.

– A mobilização e a luta são nossa forma de não deixar que mulheres apenas estampem manchetes. Nosso ato é pela punição dos assassinos, pela problematização dos discursos machistas que culpabilizam as vítimas e pela memória de Rayzza Ribeiro, Daiana Borges e todas as mulheres assassinadas e agredidas – explicou a estudante Letícia Margarida, 21, uma das organizadoras do protesto de São Pedro.

Junto aos clamores pelo fim da violência contra a mulher, a manifestação terá roda de rap, peça de teatro, palestras e debates.

Deam – A titular da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam), Cláudia Faissal, pede que os casos de violência contra a mulher sejam registrados, impreterivelmente. No entanto, ela também lembra que é preciso mudar a forma de pensar para combater o machismo.

– A lei reduzir os casos de violência contra a mulher é bem relativo. Por exemplo, com a Lei Maria da Penha, também vieram campanhas incentivando as mulheres a fazer os registros de casos de violência. Portanto, só o acréscimo dos números não significa que aumentou ou diminuiu. Junto com a lei, houve um acréscimo de registros. Mas o principal fator é a mudança social, uma mudança de comportamento na educação que é passada na escola ou dentro de casa. A Polícia atua quando o fato já ocorreu. Temos que coibir através da educação. Ensinar nas escolas que a mulher ainda sofre preconceito, que o homem acha que tem direito de bater na mulher quando ela não quer mais ficar com ele... A lei não muda pensamentos. Temos que mudar a cultura – pontua.

Capa da Folha repercute na internet: ‘precisamos falar sobre o feminicídio’

A capa da edição de ontem da Folha resgatou a dor de mulheres que morreram pelas mãos do machismo nos últimos anos, na Região dos Lagos. A imagem repercutiu nas redes sociais, alcançando quase 400 compartilhamentos até às 20h de ontem. Os leitores reagiram ao ‘mosaico dos sonhos despedaçados’: “Ainda tem gente que quer negar que é feminicídio, tentam arranjar desculpas para de alguma forma culpabilizar a vítima e até tentam difamá-la. Precisamos acabar com essa impunidade e parar de negar que isso é fruto do machismo!”, pontuou Mariana de Barcelos. “Até quando vamos aceitar viver nesse país de selvagens deseducados?! Essa cultura do estupro, esse machismo rançoso têm de acabar!”, disse Kaynã Arruda.
Nos textos que acompanhavam os compartilhamentos, um se repetiu várias e várias vezes: “precisamos falar sobre o feminicídio”.