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Apoio ao tratorista Wilson termina em demissão

Depois de ajudar tratorista, funcionária é exonerada e irmão também pode ser demitido

25 agosto 2015 - 09h08

NICIA CARVALHO

 

             

Ao que parece fazer o bem em Cabo Frio tem preço, mas o arre­pendimento passa longe. Esse é o sentimento da jornalista Cris­tiane Zotich, que foi exonerada esta semana do cargo de diretora de departamento que ocupava na Secretaria da Melhor Idade na prefeitura do município. O motivo, segundo ela, foi o enga­jamento na campanha para arre­cadar alimentos e outros produ­tos para o tratorista Wilson dos Santos, que depois de conceder entrevista para a InterTV denun­ciando atraso no pagamento de salário foi ameaçado de demis­são pela empresa terceirizada que presta serviço para o gover­no municipal.

– Não me arrependo e faria tudo de novo. Mas fui acusada de ter causado o infarto do se­nhor Wilson por ter envergo­nhado ele com a campanha e de estar torcendo pela morte dele para culpar a prefeitura. Fiquei sabendo que fui exonerada por meio de um grupo no WhatsA­pp. Quanto ao meu irmão ouvi que ele deve ser exonerado do galpão de marcação de consultas do Braga. Não sei se é verdade, mas para evitar prejudicar meu irmão resolvi sair da campanha e estou arrasada com isso. Estou me sentindo covarde, impoten­te, doida para ir embora desse inferno de cidade. Mensagens como esta (ao lado) da filha dele me confortam, mas quando par­te para perseguição na família é complicado – desabafou.

 

Sem salário há seis meses, Wilson Santos recebe doação de 400 quilos de alimentos

 

Na contramão de ameaças e perseguições, há quem prefira o tom brando da solidariedade, que também podem definir os últimos dez dias em Cabo Frio. A exemplo das manifestações de apoio às meninas Fernanda Ru­fino, de 4 anos, e Lara Vitória, de 1 ano e três meses, foi a vez de o tratorista Wilson dos Santos receber o apoio de moradores da região, que doaram cerca de 400 quilos de alimentos.

É o caso do piscineiro Edgar Bento, de São Pedro da Aldeia, que mobilizou parentes, amigos e conhecidos numa campanha em prol do tratorista, que também arrecadou diversos produ­tos de limpeza. Foram necessá­rios quatro carros para levar as doações, sendo um apenas de alimentos perecíveis.

– Ver um pai de família cho­rando porque está passando fome e com amigos na mesma situação me revoltou. Na mesma hora fui nas redes sociais procu­rar quem quisesse ajudar e no dia seguinte entrei em contato. Mas o tempo todo a preocupação dele era com os amigos – contou.

 

*Leia a matéria completa na edição impressa desta terça-feira