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OLHO NAS COMPRAS, OUTRO NO BOLSO

Alta dos preços no mercado desafia cabo-friense a manter saúde das finanças

Consumidor relata as estratégias para não estourar orçamento doméstico

24 outubro 2021 - 14h10Por Rodrigo Branco

Não tem jeito. Em tempos de crise econômica, com inflação acumulada de mais de 10% nos últimos 12 meses, a saída é fazer contas para que o consumo de itens essenciais, como os alimentos, caiba no orçamento doméstico. Nas gôndolas e caixas registradoras dos mercados cabo-frienses, como em todo o Brasil, o desafio é fazer esticar o dinheiro e levar o maior número de produtos possível.

Vale tudo na guerra contra o ‘dragão’ da alta de preços, de fazer substituições de itens por outros similares ou até mesmo tirar os produtos considerados supérfluos do carrinho. De calculadora na mão, o consumidor para, pesquisa e compara e, ainda assim, percebe que tem levado cada vez menos bolsas para casa.

É o caso do funcionário da Prefeitura de Arraial do Cabo, Nathan Souza. Casado e pai de uma filha, o servidor público relata que houve um aumento de 50% no valor das compras que faz abastecer a despensa. Isso sem acrescentar sequer um item na lista.

– Acho que aumentou muito o preço no mercado, principalmente o do café. Foi o que mais aumentou de uns meses para cá. Estava R$ 9 e agora está R$ 18 e pouco. É complicado. Há dois, três meses atrás, gastávamos uma média de R$ 400 por mês, agora é R$ 600. Isso só o grosso, não estou nem botando a carne – relata.

Falando no produto de origem bovina, ele é considerado um dos vilões do momento, comprometendo até o sagrado ritual do churrasquinho de fim de semana. A solução é fazer substituições dentro do prato, sem sacrificar a dieta familiar, ainda que o preço do frango também esteja nas alturas.

– Os preços estão bem altos. Muito altos, na verdade. A estratégia é comprar as coisas de forma semanal, por causa do preço mesmo. Ele sobe e desce, mas no momento só sobe. Estamos optando bastante pelo ovo porque o valor da carne está demais – desabafa a consumidora Lorena Alcântara.

Com duas pré-adolescentes em casa, a vendedora de planos de saúde Adriana Gonçalves faz planejamento semelhante para fazer o dinheiro render até o fim do mês. Ela explicou para a reportagem da Folha que elabora uma lista inicial de compras que é reduzida aos poucos para que as contas não fujam de controle.

– Está muito difícil porque subiu tudo, mas o salário continua o mesmo. A gente faz. uma lista de prioridades e dentro dela vê o que é mais necessário. Hoje a gente troca a carne pelo frango, salsicha, ovos e vamos fazendo as substituições diariamente. Vejo o que a gente pode deixar por hoje para, de repente, comer no fim de semana. Imagina agora, você ter uma adolescente querendo comer alguma bobagem no fim de tarde, mas a gente vai cortando – relata.

De calculadora e encartes promocionais, o consumidor cabo-friense também não se faz de rogado e bate perna para achar as melhores ofertas e preços promocionais.

– As coisas estão muito caras. A nossa principal arma ainda é a pesquisa. Aqui nesse mercado, o preço ainda está melhor. A gente vai se adaptando – ensina a consumidora Dalva Lima.

Consumo cai O consumo nos lares brasileiros caiu 2,33% entre julho e agosto deste ano. Conforme levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), na comparação com agosto do ano passado, o consumo caiu 1,78%, mas, no acumulado do ano, houve alta de 3,15%.

Segundo a Abras, os percentuais são reflexo de fatores externos e internos, como a alta da inflação e o desemprego. "Câmbio, geadas e a população, com bolso mais restrito, tiveram influência no resultado de agosto", afirmou o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.

De acordo com entidade, as datas nas quais o consumo tende a aumentar de consumo representam um momento de otimismo para o setor. “Apesar dessa desaceleração, estamos confiantes e manteremos nossa projeção inicial de crescimento de 4,5% para 2021”, reforçou Milan.

A cesta de 35 produtos de largo consumo nos supermercados fechou o mês custando R$ 675,73, com aumento de 1,07% em relação a julho de 2021. No comparativo com o mesmo mês do ano passado, o crescimento foi de 22,23%.

Os produtos que tiveram as maiores altas foram a batata (20,9%), o café torrado e moído (10,7%) e o frango congelado (7,1%). Também aparecem na dos itens cujo preço subiu o sabonete (4,3%) e o ovo (3,7%). As maiores quedas são da cebola (-4,9%), refrigerante pet (-2,8%), tomate (-2,3%), farinha de mandioca (-1,7%) e feijão (-1,5%).