Nicia Carvalho
Mais uma vez um ‘conhecido estranho no ninho’ retorna à Lagoa de Araruama, na altura das Palmeiras, em Cabo Frio. O ‘tapete verde’ no espelho d’água formado pela proliferação das algas tomou conta do manancial, na manhã de ontem, por cerca de 100 metros de extensão e provocou um forte mau cheiro. É a segunda vez em quase um ano que o aumento destes organismos acontece, já que em agosto do ano passado o local também ficou tomado por algas. O motivo é o excesso de nutrientes na água causados pelo despejo de esgoto in natura na lagoa. O Canal do Itajuru também ficou tomado por algas.
– Mais uma vez as praias das Palmeiras e do Siqueira se encontram com um extenso tapete verde sobre suas águas. O tapete é provenientes de algas que proliferam em alta escala devido ao excesso de nutrientes que vêm do despejo de esgoto. É lamentável por ser uma cena que se repete e isso prova que as ações paliativas não funcionam – disparou Daniel Ribeiro, ambientalista e líder do Movimento Lagoa Limpa.
Segundo ele, é necessário mudar o sistema de tratamento de esgoto na região – que atualmente é realizado a tempo seco, ou seja, interceptação do esgoto presente nas galerias da rede pluvial (que recebe as águas da chuva), evitando que ele seja lançado ‘in natura’ no manancial – para que os despejos não tenham como destino a lagoa.
– Precisamos de um trabalho sério para por fim ao despejo de esgoto no maior patrimônio da Região dos Lagos. Perdemos muito com diversos pontos de grande beleza que poderiam ser utilizados para alavancar o turismo e que estão poluídos e com suas águas impróprias – sentenciou o especialista.
De acordo com ambientalistas, para combater o despejo a tempo seco a saída é a mudança do sistema de tratamento para a rede separativa, que como o nome diz, separa a rede de esgoto da água da chuva. Segundo Jaílton Nogueira, secretário de Meio Ambiente de Cabo Frio foram coletadas duas amostras de algas, tanto na Praia das Palmeiras quanto no Canal do Itajuru, e encaminhadas ao Instituto de Pesquisa da Marinha, em Arraial do Cabo, para identificação do tipo de organismos. Segundo ele, o resultado deve ficar pronto em cerca de uma semana.
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