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Geral

Agonia e morte após o parto

Bebê morre após gestante dar a luz no Hospital da Mulher; família fala em negligência

04 agosto 2015 - 09h31

Rodrigo Branco

 

O sonho de dar a luz e sair com o bebê nos braços acabou de maneira trágica na manhã de ontem, depois de quatro dias de agonia e sofrimento. Poucas horas após nascer, um bebê morreu no Hospital Municipal da Mulher, no Braga. Enquanto a famíla acusa o hospital de negligência, a direção rebate dizendo que a paciente, uma adolescente de 16 anos, abandonou a unidade na noite de sábado sem receber alta.
Segundo a irmã da paciente e tia da criança, Priscila Benevides, tudo começou na última quinta-feira, quando a jovem deu entrada na sala de pré-parto após uma consulta. No entanto, com a troca de turno, o médico de plantão teria ordenado a transferência da adolescente para a Enfermaria.
Ainda de acordo com Priscila, na manhã seguinte, outra médica receitou à menina injeções de um analgésico usado para dores abdominais. Ao questionarem a decisão, pois a paciente não tinha recebido qualquer medicação até então, ouviram do corpo médico se tratar de ‘tratamento de rotina’. No entanto, no sábado, parecia que o parto seria finalmente feito.
– O médico foi à Enfermaria e disse que tinha resolvido fazer a cesariana e que para isso só precisava do exame de ultrassom. Ele ordenou dieta zero e minha irmã ficou das 9 às 18h em jejum, sem comer nada – relata Priscila.
Com a troca de turno, nova mudança de planos. Alegando se tratar de uma adolescente com gestação de apenas 37 semanas, a médica de plantão suspendeu a cirurgia, causando revolta na família. De acordo com a irmã da jovem, o resultado do exame feito no hospital contradizia o pré-natal que apontava duas semanas a mais de gravidez.
Após muita discussão, ainda segundo os familiares, veio a decisão de levar a gestante para casa, sem a oposição do hospital. Entretanto, no domingo, como a bolsa estourou e houve complicações, foi necessário voltar ao hospital. Segundo Priscila, como havia duas pacientes à frente, a operação aconteceu apenas na manhã de ontem. Horas depois, após passar pelos primeiros exames e chegar a tomar a vacina de hepatite, o bebê não resistiu. A reação variou entre a desolação e a indignação.
– Ficamos desde quinta esperando a autorização para uma cesárea. Três dias no hospital e ninguém fez nada, por descaso. Tem que ter mais humanidade. Eles estão trazendo vidas, não estão fazendo curativo, não – lamenta Priscila.
No começo da noite, a direção do hospital emitiu nota: “A paciente de 16 anos deu entrada no Hospital da Mulher no último dia 30 com suspeita de diminuição do líquido amniótico. Durante sua internação foram realizadas três ultrassonografias que mostraram idade gestacional de 37 semanas (com desvio de +/- 2 semanas) e líquido amniótico nos limites da normalidade e Doppler normal (o que indica ausência de sinais de sofrimento fetal). A paciente vinha sendo tratada de uma infecção prévia e em acompanhento de ultrassonografia diário, até o dia 1º, quando saiu à revelia por volta das 18h. Às 04:45 h do dia 3, a mesma retornou ao hospital apresentando bolsa rota com saída de líquido meconial. Foi internada e operada com a retirada de feto banhado em mecônio. O mesmo aspirou este líquido (que consiste de fezes fetais) que se localizou nos pulmões e provocou o seu falecimento. Na saída da gestante à revelia o feto encontrava-se em boas condições confirmadas pelas ultrassonografia”.

 

*Matéria completa na edição impressa desta terça (3)