Nenhum deles admite abertamente, mas os três principais adversários de Marquinho Mendes (PMDB) na última eleição – Adriano Moreno (Rede), Janio Mendes (PDT) e Paulo César (PSDB) – ganharam um alento para o sonho de sentar na cadeira de prefeito de Cabo Frio a partir do ano que vem, depois que, na última quinta-feira, o Ministério Público Federal deu parecer favorável a três recursos que pedem a impugnação da candidatura do prefeito eleito da cidade em 2 de outubro.
A expectativa agora é pelo julgamento final do processo, no Tribunal Superior Eleitoral. É possível que isso possa acontecer depois de amanhã, uma vez que esta é considerada uma semana decisiva para o caso. A partir do dia 20, a Justiça Eleitoral entrará em recesso de fim de ano.
Parte interessada de um dos recursos aceitos pelo MPF, Janio divide as atenções entre a atividade parlamentar na Assembleia Legislativa e o imbróglio jurídico que envolve a sucessão municipal. O deputado afirmou que espera que a situação se resolva o quanto antes e respondeu às críticas de que estaria estendendo a disputa ‘no tapetão’.
– Só existe a judicialização da eleição porque Marquinho concorreu sem ter a ficha limpa. As pessoas deveriam ter mais critério e escolher candidatos sem condenações. É uma falha da Justiça que permite que candidatos com pendências concorram – disparou Janio.
Segundo candidato mais votado no pleito, Adriano evitou demonstrar excesso de confiança e se disse ‘tranquilo’ com a situação. Ele reafirmou que a iniciativa de recorrer à Justiça contra o resultado eleitoral foi do seu partido. Considerado um dos favoritos em uma eventual nova eleição, ele tem esperanças que o TSE reforme a decisão do TRE-RJ que, duas semanas depois da eleição, deferiu a candidatura de Marquinho.
– Eu continuo acreditando na Justiça. Quando o TRE deu parecer favorável a Marquinho, o placar foi apertado. Mas vamos aguardar porque não tem nada definido. O que tiver de ser, será – disse, tentando não demonstrar ansiedade.
Com mais pessimismo, mas não menos interessado na questão, Paulo César já trabalha na disputa para deputado federal em 2018 sem tirar o olho do impasse jurídico municipal. Apesar de seus advogados terem recorrido logo depois que o TRE deu a vitória ao peemedebista no primeiro julgamento, ele se disse ‘surpreso’ com a atitude do MPF. Paulo César não garantiu que será o candidato do partido, caso os cabofrienses tenham que ir novamente às urnas.
– Vamos acompanhar com cautela porque a Justiça brasileira é sempre uma caixa preta. Depois que decidirem em Brasília, caso haja a impugnação, vamos convocar os companheiros para ver que decisão vamos tomar – disse.
Advogados estão otimistas
Confiantes nas suas estratégias, os advogados das partes interessadas garantem que seus clientes terão sucesso no julgamento decisivo. Vítor Martim, que representa Janio, aposta na retroatividade da Lei da Ficha Limpa, de 2010, para que a pena de Marquinho no processo em que foi condenado por abuso de poder econômico (processo 101) em 2008 seja aumentada pelo TSE de três para oito anos, fato que o impediria de concorrer este ano.
– Isso traz um alento e a certeza de que estamos no caminho certo. Agora cabe ao Judiciário decidir a questão – disse.
O advogado de Paulo César, Sérgio Azevedo, não apenas bateu na tecla do processo 101, como embasou o recurso na reprovação das contas de 2012 de Marquinho na Câmara Municipal.
– Estamos confiantes desde o início do processo – disse.
Do outro lado da moeda, o responsável pela defesa de Marquinho, o advogado Carlos Magno de Carvalho, esbanja otimismo.
− Não muda nada. O MPF está dando pareceres contrários desde quando o processo estava em Cabo Frio. Isto não é nenhuma surpresa para nós. Pegaram um fato processual corriqueiro para fazer alarde e enganar a população. Para ter uma ideia, em 2008, o MPF, instituição que muito respeitamos, deu parecer contrário nas 13 cassações de Marquinho e viramos todas as condenações. Aqui, ao contrário de 2008, Marquinho está com o registro deferido pelo TRE, fato que facilita mais o nosso trabalho − comentou Magno.