A Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio (Acia) processou a China pedindo uma indenização de R$ 420 bilhões por danos materiais e morais ao povo brasileiro pela paralisação econômica e isolamento social decorrentes do novo coronavírus. A notícia chegou a ser publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. Patrícia Cardinot, presidente da Acia, disse que a ação foi iniciada no dia 9 de abril e está sob os cuidados de um advogado pessoal.
– Não é uma ação fácil, mas a gente vê que a China tem se beneficiado com a venda de máscaras e de produtos hospitalares, sendo que a pandemia começou lá. Isso tudo nos incomoda – ressalta a presidente.
Cardinot relembra que os comércios foram obrigados a fechar, com extensão de prazo. Em Cabo Frio, eles permanecerão fechados até o dia 30 de abril. Ela conta que muitas lojas já entregaram seus pontos comerciais e não poderão voltar depois do período da pandemia por questões econômicas.
– Fomos ousados, sim, em abrir esta ação, mas o intuito é de tirar o prejuízo e criar um fundo, que vai ser gerado dentro da lei e será utilizado futuramente para beneficiar empresas que foram prejudicadas de maneira bem intensa – afirma a presidente, enfatizando que a ação não é para beneficiar a Acia de Cabo Frio, e sim toda a população brasileira.
Uma das bandeiras do prefeito de Cabo Frio, Adriano Moreno, foi uma viagem institucional feita para estreitar as relações entre o município e o país asiático. Um acordo de cooperação mútua para intercâmbio em diversas áreas com a cidade de Huzhou foi assinado durante o Fórum de Atividades Econômicas e Sustentabilidade, realizado em um hotel da cidade.
Crise diplomática - Ataques à China feitos por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, geraram uma crise diplomática. Ele postou no Twitter que a China é culpada pela crise mundial gerada pelo novo coronavírus. Em resposta, o embaixador da China no Brasil, Yang Yanning, que “a parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a Câmara dos Deputados".
O próprio perfil da embaixada chinesa também fez críticas ao filho do presidente. “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos”, postou o perfil, em referência à viagem feita pela comitiva bolsonarista aos Estados Unidos, no início de março.
O minsitro da Educação, Abraham Weintraub, também publicou mensagem no mesmo tom que o filho de Bolsonaro. O embaixador chinês no Brasil exigiu desculpas, assim como exigira no caso de Eduardo, mas Weintraub respondeu que só fará isso se a China enviar aparelhos médicos a preço de custo para o Brasil.
Declarações do tipo têm causado preocupação em Brasília. "Meu medo é o efeito cumulativo da ofensa", afirmou Marcos Azambuja, diplomata de carreira e conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), ao jornal Valor Econômico. "O Brasil tem atirado com grande perfeição em seu próprio pé". Ele destacou que a relação bilateral entre os dois países era livre de impasses. "Onde havia uma estrada fluida e limpa agora há um campo um pouco minado por causa das tolices ditas por nós", disse Azambuja.