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Covid-19

Acia de Cabo Frio processa China e pede indenização de R$ 420 bi "ao povo brasileiro por crise do coronavírus"

Enquanto isso, em Brasília, declarações de integrantes do governo têm causado crise diplomática com principal parceiro comercial do Brasil

20 abril 2020 - 15h06Por Julian Viana

A Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio (Acia) processou a China  pedindo uma indenização de R$ 420 bilhões por danos materiais  e morais ao povo brasileiro pela paralisação econômica e isolamento social decorrentes do novo coronavírus. A notícia chegou a ser publicada pelo jornal Folha de S. Paulo. Patrícia Cardinot, presidente da Acia, disse que a ação foi iniciada no dia 9 de abril e está sob os cuidados de um advogado pessoal.

– Não é uma ação fácil, mas a gente vê que a China tem se beneficiado com a venda de máscaras e de produtos hospitalares, sendo que a pandemia começou lá. Isso tudo nos incomoda – ressalta a presidente. 

Cardinot relembra que os comércios foram obrigados a fechar, com extensão de prazo. Em Cabo Frio, eles permanecerão fechados até o dia 30 de abril. Ela conta que muitas lojas já entregaram seus pontos comerciais e não poderão voltar depois do período da pandemia por questões econômicas. 

– Fomos ousados, sim, em abrir esta ação, mas o intuito é de tirar o prejuízo e criar um fundo, que vai ser gerado dentro da lei e será utilizado futuramente para beneficiar empresas que foram prejudicadas de maneira bem intensa – afirma a presidente, enfatizando que a ação não é para beneficiar a Acia de Cabo Frio, e sim toda a população brasileira.

Uma das bandeiras do prefeito de Cabo Frio, Adriano Moreno, foi uma viagem institucional feita para estreitar as relações entre o município e o país asiático. Um acordo de cooperação mútua para intercâmbio em diversas áreas com a cidade de Huzhou foi assinado durante o Fórum de Atividades Econômicas e Sustentabilidade, realizado em um hotel da cidade. 

Crise diplomática - Ataques à China feitos por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, geraram uma crise diplomática. Ele postou no Twitter que a China é culpada pela crise mundial gerada pelo novo coronavírus. Em resposta, o embaixador da China no Brasil, Yang Yanning,  que “a parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a Câmara dos Deputados".

O próprio perfil da embaixada chinesa também fez críticas ao filho do presidente. “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos”, postou o perfil, em referência à viagem feita pela comitiva bolsonarista aos Estados Unidos, no início de março.

O minsitro da Educação, Abraham Weintraub, também publicou mensagem no mesmo tom que o filho de Bolsonaro. O embaixador chinês no Brasil exigiu desculpas, assim como exigira no caso de Eduardo, mas Weintraub respondeu que só fará isso se a China enviar aparelhos médicos a preço de custo para o Brasil.

Declarações do tipo têm causado preocupação em Brasília. "Meu medo é o efeito cumulativo da ofensa", afirmou Marcos Azambuja, diplomata de carreira e conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), ao jornal Valor Econômico. "O Brasil tem atirado com grande perfeição em seu próprio pé". Ele destacou que a relação bilateral entre os dois países era livre de impasses. "Onde havia uma estrada fluida e limpa agora há um campo um pouco minado por causa das tolices ditas por nós", disse Azambuja.