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A voz das ruas: fracasso na Copa do Mundo pode afetar a eleição

Cabofrienses creem que vexame pode prejudicar Dilma 

01 julho 2014 - 17h24
As más atuações da Seleção Brasileira perturba o sono de todo e qualquer brasileiro apaixonado por futebol. Mas o desempenho dos comandados de Felipão, este ano, podem extrapolar o âmbito esportivo. A reportagem da Folha foi às ruas e ouviu moradores de Cabo Frio, e eles acreditam que uma eliminação precoce da Seleção pode afetar na popularidade da atual presidente, Dilma Rousseff (PT), principal alvo das críticas contra a Copa no Brasil e que tenta a reeleição nas urnas em outubro.
Apesar de pesquisa do Ibope realizada no mês passado apontar que a petista aparece com 39% das intenções de votos, liderando com boa vantagem sobre Aécio Neves (PSDB), os entrevistados não acreditam na reeleição da petista. 
 – Se perder a Copa do Mundo, vamos ver uma revolta da população. As pessoas já estão insatisfeitas com a maneira como a competição foi organizada e não vão aceitar uma derrota. A indignação com os casos de corrupção é imensa e a população está atenta a isso atualmente. O futebol só vai ser mais uma consequência da revolta dos brasileiros. Tomara que essa revolta se demonstre através dos votos – comenta o vendedor Rodrigo Lopes, 32.  
As opiniões políticas são tão diversas que valorizam – e muito – a importância do futebol na so-ciedade brasileira. O esporte ganha tal importância a ponto de, por exemplo, conseguir resumir um quadro de corrupção. Isso é o que afirma o segurança Paulo Jorge Ferreira, 48, que torce por uma derrota do Brasil na fase de mata-mata. Segundo ele, o adeus à Copa mostraria à população todos os erros do atual governo. 
– A derrota será mais um motivo para o povo brasileiro acordar. As classes mais pobres vão se lembrar do que passaram o ano inteiro e não serem alienadas pelo futebol. Os brasileiros não aguentam mais essa falta de respeito do governo. Ouço as pessoas na rua comentando sobre todo o sofrimento que passam no cotidiano. Mas a juventude acordou. Vemos um país com jovens bem mais politizados do que antigamente e que não vão querer passar por governos corruptos novamente – desabafa. 
O encarregado de manutenção Denilton Mota, 59, vai mais além. Ele remete a atual situação política do país à época do Regime Militar. Em 1970, a conquista da Copa do Mundo foi usada como catalisador do ufanismo da população, reforçando o rótulo do esporte bretão como ‘meio de alienação social’. 
– Gosto muito da Seleção, mas o título não seria bom para o povo brasileiro. O esporte, principalmente o futebol, é muito importante para nossa população e as pessoas estão torcendo muito. A vitória na Copa do Mundo vai trazer um clima de patriotismo no país. Lembro em 1970, quando todos os brasileiros ficaram otimistas com as grandes atuações da Seleção. As pessoas viviam numa época sombria da história e pensavam que estavam bem. O futebol aliena a população – afirma ele. 
E há quem pense que a presidente já estava em declínio antes da Copa do Mundo devido à desvalorização das classes. Para a empresária Neusa Araújo, 57, a competição ajudou ainda mais na queda de popularidade de Dilma Rousseff. 
– Ela não respeita nenhuma classe e isso é praticamente um suicídio nas eleições presidenciais. Todas as pessoas que conheço estão revoltadas com o que estamos passando no Brasil. Não respeitou os estudantes e nem os médicos do próprio país. Portanto, as pessoas vão fazer uma verdadeira campanha contra ela – acredita a empresária. 
Andrew Vieira, vendedor, 19, é mais um cabofriense pessimista em uma nova gestão do PT. As vaias à presidente no jogo de abertura da Copa do Mundo entre Brasil e Croácia, no Itaquerão, em São Paulo, para ele, demonstram bem a insatisfação popular. 
– Não irá mudar nada. A Dilma está com uma pressão muito grande por resultados em pouco tempo. E não será o título da Copa do Mundo que irá mudar isso. As vaias para ela não aconteceriam em nenhum país do mundo, mas a revolta com o governo é enorme – sentencia ele.
Em enquete realizada pela página da Folha dos Lagos no Facebook (veja aqui), as opiniões ficaram divididas. Eduardo de Moraes, por exemplo, afirma que torce pela Seleção Brasileira e espera também uma trasnformação na política brasileira. Carla Borges também compartilha a mesma opinião de Moraes. "Política é política, futebol é futebol. É assim que eu penso", diz ela.