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Nazaré

A 'primeira-ministra' da Câmara de Cabo Frio: conheça a chefe de gabinete da Presidência Nazaré Paiva

Há 33 anos na função, a servidora pública ganhou o respeito de todos com profissionalismo e carinho de 'mãe'

01 novembro 2015 - 17h19Por Rodrigo Branco
A 'primeira-ministra' da Câmara de Cabo Frio: conheça a chefe de gabinete da Presidência Nazaré Paiva

Para os iniciantes na rotina da Câmara Municipal de Cabo Frio, vale o aviso. Vereadores governistas e oposicionistas à parte, convém não se indispor com a chefe de gabinete da Presidência Maria de Nazaré Paiva de Castro; dona Nazaré, para os parlamentares e o grande público e ‘Naza’, para os mais chegados. De uma forma ou outra de tratamento, é bom saber que o ‘poder’ está com ela. Com a autoridade de quem dá expediente há 33 anos na Casa e conheceu inúmeros políticos que marcaram a história da cidade, a acreana de Rio Branco é respeitada por todos. É, nas palavras do vereaedor estreante Aquiles Barreto, um ‘patrimônio’.

– Toda vez que começa uma nova legislatura, a primeira coisa que eles fazem é me procurar. A maioria deles eu já conheço antes de entrar na Casa. Então eu sou a ‘mãezona’ deles, tudo é a dona Nazaré. Se não falarem ‘dona Nazaré’ não funciona nada – diverte-se.

Mas nem tudo na vida de Nazaré sempre foi motivo para sorrisos. Desde 1970 em Cabo Frio, chegou a abrir uma loja de móveis, mas com as lambanças na área econômica do governo Collor, teve o negócio fulminado e ‘quebrou’. Ela, que já trabalhara cinco anos no INSS antes de ingressar na Câmara, por concurso, em 1982, se apegou ao trabalho para ajudar a sustentar a família. Mas a sua relação com o parlamento cabofriense está longe de ser apenas por necessidade.

– Fico satisfeita de vir todo dia à Câmara. Eu visto a camisa. Gosto de trabalhar e estar aqui todos os dias. Fico aqui 14, 16 horas. Aqui é meu convívio. Maior até do que com minha própria família. O dia em que eu falto é por uma extrema necessidade. E não tiro férias há 10 anos porque não tem quem me substitua – afirma, sem qualquer traço de arrogância.

Quem a vê se equilibrando sobre o salto alto com uma pilha de pastas e papéis nas mãos sabe que não é exagero. Apesar da função de chefia de gabinete aparentemente estar restrita à Presidência, tudo relativo à documentação passa por ela. Aliás, é difícil saber qual assunto não passa. Do atendimento ao público à segurança. Sua importância é tanta que se senta à Mesa Diretora durante as sessões junto com o presidente Marcello Corrêa e os secretários Eduardo Kita e Vinicius Corrêa.

Frequentemente é requisitada pelos vereadores e, da mesma forma, os orienta, mas também sabe cobrar (“Às vezes é necessário dar um puxãozinho de orelha e me tacham de durona”). Sem perder a ternura maternal, como ela mesmo disse. Embora evite criticar o comportamento dos atuais ocupantes das 17 cadeiras da Casa, ela não titubeia em enumerar os antigos legisladores de que sente falta.

– Tenho muita saudade do Acyr Rocha, de Walter Bessa, de Ayres Bessa, Antônio Carlos Trindade e de muitos outros. Não apenas porque me dava bem com eles como funcionária, mas também pelo lado legislativo, de saber como dirigir os trabalhos. Falta um pedaço deles na Casa – comenta com nostalgia.

Mas não é só pela competência que ela é reconhecida. A elegância traduzida no escarpim (“Uso há 40 anos”), no terninho azul e na maquiagem impecável é uma marca registrada. ‘Naza’ diz que o trabalho e o local pedem a vaidade. A mesma que a impede de revelar a idade. Mas nada que não seja deixado de lado nos (raros) momentos de folga.

Nessas horas, ela não dispensa a velha sandália rasteirinha e uma roupa confortável, mas confessa que quase não é reconhecida. Fora do habitat natural, Nazaré, que é casada e mãe de quatro filhas (nenhuma envolvida com política, ressalta), se dedica diariamente há 30 anos à sua caminhada na Praia do Forte e há seis, às aulas de Pilates. Mas é mesmo no papel de servidora, que ela ganhou a admiração pública. Justamente por não esquecer o princípio básico do seu trabalho.

– Treino meus colegas para que deem um bom atendimento, sempre com um sorriso, um bom dia. Como funcionários públicos temos a obrigação e dever de atender bem a população, independente de cor e credo – ensina a 'primeira-minstra' Nazaré.